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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A garota com apenas um olho - FINAL

A resposta para os seus problemas


Marie acabou internada até o fim de seus dias em um manicômio, onde recebia tratamentos intensos contra seus problemas mentais.
Nas segundas feiras, o tratamento era a base de remédios fortíssimos, que a deixavam dopada. Às terças feiras, ela recebia choques de alta voltagem no cérebro, como forma de uma quase tortura. Os pacientes gemiam de dor a todo o momento naquela clínica, porém aos parentes nada daquilo era passado. Às quartas feiras, eram feitas as visitas. A mãe de Marie era sempre acompanhada por Pauline, que monitorava o progresso da amiga. Às quintas feiras, todos os internos eram soltos no pátio para “brincarem” quase que como animais, e às sextas feiras eles ficavam o dia inteiro trancafiados no quarto para passarem o final de semana.
Com certeza aquela rotina enlouquecia qualquer um.
***

Naquele dia, Calvin passara todos os dias em seu escritório, administrando seus negócios. Como Marie fora internada e Pauline não fora violentada, o homem se livrara daquelas acusações e continuava a trabalhar normalmente, exceto pelo pedaço inferior de seus lábios que fora arrancado por Marie naquela confusão.
No mesmo instante da cirurgia em que ele havia passado para reconstituir os lábios, os dois homens que também haviam sido mordidos entraram em processo cirúrgico para resolver o problema. Ao final das contas, eles acabaram sendo recuperados juntos, os três, que viraram a mais perigosa gangue de toda a Europa, monopolizando os manicômios do continente e torturando pessoas lá dentro desses locais.
Era uma tarde de quinta-feira, e Calvin estava da janela de seu escritório observando aqueles verdadeiros “animais”(como ele assim chamava) correndo lá embaixo. Marie estava sentada no chão, cabisbaixa e parada no mesmo lugar. Então, o homem resolveu ir ao seu encontro.
***
Pouco tempo depois, Calvin já estava a poucos metros de Marie, que nem sequer se mexia.
A garota usava uma camisa de força bem apertada, e estava ajoelhada no chão, com as costas e os ombros sujos com barro. Chovia naquele momento e o cabelo da moça era um turbilhão de lama, água de chuva e areia. Mesmo assim, o homem não teve dó da mulher.
Ele era acompanhado de perto por dois homens brutos, que faziam sua segurança, contudo, antes de rever Marie de perto pela primeira vez depois do fato ocorrido, ele acabou dispensando-os.
Mais alguns passos e ele já conseguia sentir a ofegante respiração da moça.
A chuva parou por alguns instantes.
Calvin fechou o guarda-chuva e colocou-o escorado nas costas da mulher. Para ele, ela não passava de um objeto qualquer. Uma escora de casacos e guarda-chuvas. Ele então se abaixou ao nível do rosto da moça. Teve que ficar de cócoras.
Apesar de um homem estar de seu lado, Marie não esboçou a menor reação de tê-lo percebido. Ele então cutucou-a com os dedos. Nada.
Nesse momento, a mulher levou as mãos ao rosto e, ainda escondidas pelos cabelos grossos, tocou seus olhos.
Calvin deu uma risada abafada pela situação em que conseguira deixar Marie. Isso com certeza significava uma realização para ele.

E os dois ficaram ali por longos trinta minutos.

Calvin ficou observando atentamente a sua ex-esposa, resumida agora à um animal qualquer. A moça continuava com as mãos encobertas pelos longos fios de cabelo.
Então inúmeras gotas vermelhas começaram a cair no chão, e a torrente foi somente aumentando. Agora o sangue foi formando uma monstruosa poça embaixo do rosto da mulher.
Mais alguns minutos e Calvin presenciara a cena mais bizarra que veria em toda a sua vida: Marie havia retirado um de seus olhos, arrancado com a mão. E com o olho bom, ela o fitava incessantemente. Quase que o punha em um pedestal. Para ela aquilo era um deus, uma relíquia, uma raridade.
E o sangue continuava a jorrar incessantemente.
A chuva recomeçou, iniciando a lavar o piso.
Calvin riu abertamente.
            Enquanto Calvin ria, Marie tentou levantar-se. O homem ajudou-a, vendo o que ela tentaria fazer. Então, a jovem estendeu-lhe a mão com o olho. Aqui era um presente que ela queria dar a ele. Ela olhou bem no fundo dos olhos dele, mesmo com apenas um olho no rosto. Do glóbulo que se encontrava intacto, algumas gotas de lágrimas rolavam até as bochechas.
            O homem estarreceu-se com o gesto de Marie. Ele chorou uma única gota e por fim estendeu a mão para aceitar o presente.
            Exatamente nessa hora em que a loucura dos dois se fundia por meio daquele gesto, foi ouvido um disparo de arma de fogo.De trás de Calvin, um homem com uma carabina legítima estava com uma expressão nem um pouco agradável.
            Os loucos que estavam no pátio corriam desesperados. O local encheu-se de seguranças e enfermeiros, mas já era tarde demais. A bala atingiu diretamente o coração de Calvin, dilacerando-o. Porém não foi somente isso. O projétil ultrapassou o corpo do homem e também atingiu Marie. Apesar de não ter atingido órgãos vitais, a garota já havia perdido muito sangue.
            Os dois corpos caíram pálidos no chão. O amor turbulento entre Marie e Calvin havia morrido junto com seus corpos. Talvez ele já houvesse se perdido ao longo dos anos, mas agora tinha uma chance de renascer para toda a eternidade.
           
Epílogo



Tempos depois, já na cadeia, o homem que assassinara Calvin e Marie, investigado, foi condenado pela morte de Charles e do casal. Pauline amargurou-se e acabou casando-se novamente com um homem que mal a fazia feliz. Por fim, o manicômio foi fechado e novos métodos de tratamento foram inventados. Com certeza, toda a Europa e todo o mundo nunca se esquecerão da triste e melancólica história de Marie Wilheim e Calvin Morrison: O casal que sucumbiu à loucura, mas que renasceu junto à eternidade. E que sejam felizes para sempre.



Valentine #5

- Santa Bárbara, Califórnia, 2007 
   Estávamos indo a um lugar desconhecido por mim. Ele insistia em tampar meu olhos com as mãos e segurar nossos skates.
   - Chegamos - Sussurrou ele no meu ouvido.
   Tirou as mãos lentamente, mas antes que pudesse abrir os olhos ele pegou em maxilar com delicadeza e me apoiou para não cair. Lentamente abrindo meus olhos, estava frustrada, queria mais do que um selinho fraco. Me deparei com seu sorriso estonteante que me fez perder noção da vida.
   - Não está esquecendo de nada? - Perguntou ele.
   - Ah! A surpresa. O queria me mostrar?
   - Acende a luz e veja.
   - Não sei porque, mas acho que conheço essa história - Disse enquanto me dirigia ao interruptor.
   - Surpresa! - Gritaram umas 30 pessoas em coro.
  Estava surpresa e boba. Uma mistura de sentimentos me atacou. Estavam todos segurando balões coloridos e enfeitados, havia um bolo gigante com inúmeras velas.
   - Mas, não entendi - Disse aturdida.
   - Oh filhinha! - Disse minha mãe quando vinha me abraça - É sua festa de aniversário!
   - Mas meu aniversário é...
   - Amanhã - Completou ele.
   Não havia me dado conta de que meu aniversário estava próximo. Estavam todos lá. Minha família, meus amigos, o amor da minha vida.Todo mundo mesmo.
   Agarrei-o pelo pescoço dei-lhe outro beijo, bem mais apaixonante do que o primeiro, o que fez todos vibrarem. E inesperadamente fiquei vermelha.
   Fui de encontro aos convidados, que me presentearam a parabenizaram com lindas mensagens e desejos de prosperidades.
   Passado algumas horas, meu coração estava acelerado. Estava animada com o fato de ter sido agraciada com amigos tão bons, fiéis e sinceros. Fernanda, a mais nova agregada ao grupo de amigos, fazia acenos freneticamente a fim de chamar minha atenção. Sorridente, me dirigi até ela, levando minha taça de vaca-preta. Deu me um sorriso sei graça e apontou para um local mais reservado. Logo entendi que uma conversa séria estava para acontecer.
     Dirigi-me ao local indicado com elegância: me deliciando com cada passo dado, fazendo pose. Senti-me uma deusa para ser mais exata.
     Ao chegar, um rosto preocupado me esperava.
     - Ana, quem é ele? - Perguntou-me ela.
     - Ele?
     - É - me virou para que ficasse de frente com a pessoa que ela se referia. Arquejei. - ele.
     - É o Davi. - corei.
     - Mas, vocês tem alguma coisa?
     - Sim, ele é meu namorado. Você já sabia disso.
     - Ana... Eu conheço ele.
     - Ora, que ótimo então! É bom que ele se enturma mais rápido. Você poderia até...
     - Não Ana. Por favor... Me escute. Tenho algo para te contar, mas me escute até o final.  - disse ela me interrompendo.- Ana, ele não é boa influência. - E pegou em minhas mãos como forma de súplica.
     - Ah! Mas que conversa é essa Fê? Ele é meu melhor amigo desde a maternidade! - ela virou de costas - Eu o conheço! Não é só porque você não curte skatistas que eu vou desistir dele!
     Parei por um instante. Estava furiosa com ela, mas ela era minha amiga... Queria apenas o meu bem,
     - Fê... desculpa. Olha para mim.  - Virei-a. Estava chorando, inconsolável.
     - Você não entende Ana... Ele matou o meu pai!

("Jéssica Stewart")

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A garota com apenas um olho. - Data final.

ATENÇÃO! "A Garota com apenas um olho" terá finalmente o seu final na sexta feira, dia 24 de Janeiro! 
Qual será o destino de Marie Wilheim? Só para deixar o suspense, liberarei o nome do capítulo final: 
A resposta para os seus problemas

Aproveitem também mais um capítulo de PIROMANÍACOS,na mesma data.


sábado, 18 de janeiro de 2014

Uma História de Halloween



                Era noite de Halloween. Em todos os lugares, viam-se casas enfeitadas para as festividades com muita criatividade.  Nas janelas, cortinas de fantasmas estavam penduradas às teias de aranha. Muitas abóboras cuidadosamente esculpidas enfeitavam os jardins, nos telhados das casas, gatos pretos de isopor de espremiam junto às bruxas horrorosas que estampavam sorrisos macabros.
            Várias crianças brincavam fantasiadas na rua, logo, o que se via era uma chuva de super-herois, fadas, piratas, princesas, fantasmas e outros seres que pareciam ter saído diretamente do mundo das fadas. De porta em porta, elas iam em busca de guloseimas diversas e com um sorriso imenso no rosto perguntavam aos donos das casas “Doces ou travessuras”, e os mesmos, com uma alegria contagiante, entregavam montes de doces aos pequeninos.

ESCOLHA UMA OPÇÃO ABAIXO! 
É você quem escolhe o destino de nossos personagens!

2ª Opção (estará disponível mais tarde. Aguarde.)

sábado, 11 de janeiro de 2014

C_NS_R_DA

Eu vi a juventude passar por mim
vagarosa, preguiçosa.
Senti na pele emoções sinceras.
Sorri.
Cantei.
Diverti.
Cheguei até mesmo a amar.

Mas o tempo não para
e passa sem ser notado.
Já  sinto nos ombros a pressão de crescer.
É tempo de dedicação e esforços.

Mentiria se dissesse um dia
que ao passado jamais voltaria.
Vivi um tempo bom,
mas para um outro alguém.

Não fiz o que queria.
Não me entreguei por inteira a nada.
Vivendo constantemente
com medo de ser renegada.

Não pude amar de  verdade.
Nem ao menos dar atenção
a quem realmente importava.
Fingindo sempre ser um alguém que não sou.

Para quê, afinal?
Não me tornei uma pessoa especial.
Nem ao menos saí do lugar.
Destinada a ser a mesma coisa sempre.

Não sou tão velha, de fato,
mas meus anos bons foram roubados.
E eu não resisti.
Deixei-me levar pelo medo e insegurança.

O que me resta?
Chorar não irá resolver.
Muito menos reivindicar o tempo perdido.
Resta somente viver enquanto é possível.

Terei que deixar mais alguns anos para trás.
Eles me disseram.
Devo escutá-los, afinal sempre foi assim.
Por quê?
Ora, eles detém o poder.
Eu os deixei comandar minha inútil vida.

Considere-me então, caro amigo
como um caso impossível.
Jogarei mais esse ano,
em meu enorme baú do tempo perdido.

("Jéssica Stewart")