Abriu as portas de seu quarto, estupefato. “Onde raios estariam as roupas limpas? Será que as deixei na dispensa?” Arqueou rapidamente e, dando meia-volta, bateu de cara no rosto fechado do detetive Isaac.
-O que fazes aqui, padre? – Questionou o investigador, dobrando as mãos como uma mãe o faz com as suas quando seus filhos lhe aprontam travessuras.
-Isaac! – Exclamou aturdido, com o coração lhe saltando do peito. – Eu
vim em busca de roupas limpas. – Teve de contar a verdade, visto que fora pego
com as mãos em uma de suas cuecas boxer novinhas que o frei trouxera da cidade
recentemente. – Estava me dirigindo ao banho.
-Então terá tempo de me contar algumas coisas enquanto se limpa com água
quente. Dizem que o vapor é um ótimo condutor elétrico e melhora os impulsos
cerebrais. – Viu que o religioso o observava com certo desdém, apesar de um
sorriso malvado que parecia querer simular o contrário.
-Pois bem. Se quiser me acompanhar então... – E saiu dissimulado,
apressado e atordoado, com a cueca balançando na mão e esperando que o detetive
não notasse os respingos de sangue em sua batina negra, já coagulados e
craquelados perante o frio que se encerrava lá fora.