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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Querido "amigo"

Sinto-me pequena, inútil.
O mundo recai sobre mim
E seu peso a me sufocar.

Sinto o mundo
gigante, vazio
agir sobre mim.

Sinto cheiros, sabores e medos
desejos mal feitos.
Quando enfim terei um fim?

Sorrisos amarelos.
Frios abraços.
Olhares vazios.
Corações amargos.

Não adianta gente que não se importa,
cujo coração logo se desbota.
Para que tanta maestria
em coisas vãs, tuas quinquilharias?

A mesquinhez humana ainda não atingiu seu ápice?
Ora, some-te covarde!
Antes que tua áurea em putrefação
estrague de vez a minha arte.

Deixe-me sozinha,
bem longe do teu clamor.
Os poucos que levarei comigo,
ah, esses sim,
receberão tudo o que poderei dar.
Espero assim poder caminhar,
Longe de todo mal que fazes
à eles, à nós, à vós.

Não te cansas fazer-me pequena?
É a minha alma que envenenas.
Deixarei-te em teu mundo,
esse em que vivemos, assim, obscuro.

Encontrarei o refúgio que preciso
em um simples abraço amigo,
bem longe daquilo que me faz sofrer.


("Jéssica Stewart")

domingo, 4 de janeiro de 2015

Dulce



A mulher aportou na sala secreta, escura e tenebrosa. Apenas uma lanterna de LED, disposta sobre uma mesa alta, emanando uma luz fria, composta de fachos descontínuos que obrigavam qualquer pupila a dilatar-se ao máximo. Pairava no ar um cheiro de tabaco, pungente e fustigante; alguém fumava no recinto. A fonte de luz, recostada em uma mesa e com o foco voltado para cima, lambia o forro amadeirado, revelando nada mais além de partículas de poeira e fumaça, dançando no ar uma atabalhoada tarantela.
Um rosto masculino emergiu da escuridão e fez saltar o coração da senhorita.