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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Dois pedaços de um coração despedaçado

Eram apenas dois meios-corações incompreendidos. 

Ela era uma jovem poetiza . Ele, um músico em ascensão. Ambos viam o mundo com todas as suas tonalidades exuberantes diariamente ignoradas pelas pessoas cujo coração já não mais pulsava vida; pareciam compartilhar a mesma paleta de cores.

Quando, de repente, o mundo se vestia de tons sépios, ela colocava os fones de ouvido para se esconder, ele usava seu violão para pintar tudo o que estivesse vulnerável ao som dos seus acordes. Ela tinha medo das próprias limitações e dos erros que cometia, por isso criou um mundo para se refugiar; ele, cansado de tanto cair, aprendeu a lutar contra o que o subjulgava. E assim sobreviviam. 

domingo, 23 de agosto de 2015

Resenha - À Espera de um Milagre

Corredor da Morte de Stephen King

Título original: The Green Mile
Versão brasileira: À espera de um milagre (conhecido também como O corredor da morte)
Gênero: Literatura Americana - Romance
Autor: Stephen King, 1996

Para ler esse livro, você precisa ter duas coisas em mente:
1º - Esse não é o típico terror de King que você estava esperando (ao menos que já tenha assistido ao filme, o que acaba com a graça de ler uma boa história).
2º - Essa obra, caro leitor, não é um livro. 
Quando comecei a lê-lo, deparei-me com um grande apreciador da obras de King. No meio da conversa, expôs a seguinte opinião "É bom, apesar de ser meio água com açucar";  e isso atiçou minha curiosidade, afinal, sempre o referiram como um grande escritor de suspense e terror. Dito e feito. Se você espera aquele terror clássico de King, não o aconselho ler essa obra. Há um pouco de horror em algumas execuções na Velha Fagulha (nome dado carinhosamente à cadeira elétrica do Bloco E em uma penitenciária em Could Mountain) e um pouco de misticismo, característica marcante do autor. 
A história não segue uma sequência cronológica, assim, há momentos em que  se passa no Corredor da Morte, e em outro no asilo Georgia Pines, ambos narrados por Paul Edgecombe, superintendente do bloco responsavél pelas execuções. De todos os quatro prisioneiros apresentados, apenas um, que é louco o  suficiente para se denominar Billy The Kid, possui um psicológico instigante - talvez, se a narrativa fosse presa à ele, teríamos mais momentos de horror -.  O foco é o último detento a caminhar pelo Corredor, John Coffey, um negro condenado no sul extremamente racista dos Estados Unidos, cuja história leva Paul e seus colegas de trabalho a uma busca pela verdade por trás de sua condenação. Seria John, com seu tamanho tão grande quanto seu medo do escuro, o responsável por estuprar e assassinar duas menininhas?
A narrativa busca um lado mais psicológico e intimista dos personagens. É muito fácil se ver envolvido com seus dramas e sentimentos - não duvido que alguns possam chorar em certas partes -, no entanto, talvez pelo fato do narrador já possuir uma idade avançada, no final do livro, ao fechar as histórias dos personagens, preocupa-se mais com a questão visual de cenas trágicas do que com as sensações - isso quando não dá na cabeça do autor simplesmente colocar a causa da morte e a data - . 
É interessante o caráter metalinguístico da obra; no asilo, deixa-se bem claro que Paul está escrevendo a história do Corredor da Morte. King é transferido para o personagem que faz análises, pensamentos e complementa a história de maneira informal. Há um choque de gerações, um encontro entre Pauls.
Sugiro que comece a ler a partir da Introdução e siga para o Prefácio, pois essas partes são cruciais para o seu entendimento, assim, compreenderá o que eu disse no início: Essa obra não é um livro porque simplesmente não foi feita neste formato. Inspirado nos romances de Charles Dickens, King escreveu a história em seis partes diferentes que eram lançadas semanalmente (José de Alencar e Machado de Assis já fizeram muito  disso por aqui com o nome de Folhetim), dessa forma, no início de cada parte tem-se a recapitulação do que aconteceu na outra - o que pode parecer uma edição mal feita para os desavisados e causar estranhamento para os que vão ler de forma compilada -. No Posfácio há uma outra avaliação da obra em que o autor reconhece diversos anacronismos e falhas e as justifica pelo pouco tempo que teve de escrever e corrigir, uma vez que esse formato condiciona os envolvidos em uma corrida contra o tempo. Desculpas aceitas, Stephen! 
Como o próprio autor afirmou, é uma boa história para ler a noite, sozinho ou acompanhado, por ser bem leve e fluir com facilidade. Não desanime por não ser o clássico terror, se até o King experimentou um novo estilo, você também pode. Vale a pena correr o risco.

"Cada um de nós tem compromisso com a morte, não há exceções, sei disso, mas às vezes, oh meu Deus, o Corredor da Morte é muito comprido."



sábado, 22 de agosto de 2015

Lançamento - O vampiro imperador - Leonardo Barros

Olá, caros leitores! Nosso autor parceiro, ao qual já resenhamos aqui no blog(veja em Presságio, o Assassinato da freira nua) está com um novo lançamento. É uma ótima oportunidade para conhecer o trabalho de Leonardo Barros e sua incrível capacidade de prender o leitor da primeira à última página.
O médico e escritor Leonardo Barros anunciou o seu sexto romance, que teve seu lançamento oficial previsto para 04 de agosto. Livraria Saraiva já está divulgando o livro no site. Clique no link ( http://www.saraiva.com.br/o-vampiro-imperador-8950180.html )! 


Confira a sinopse: 

Drucila é uma linda jovem romana, casada com o médico do imperador Nero. Diante da ausência do filho, ela entrega-se a um culto proibido de fertilidade, ato que inicia sua ruína e tem relação com sua transformação em vampira. Ciente de seu poder, ela resolve dominar Roma e não mede esforços para consegui-lo. As intenções de Drucila só poderiam ser ameaçadas por Dotan, um ser imortal como ela. Em noites de lua cheia, esse general de confiança de Nero prende a si mesmo a fim de evitar que o lobisomem, criatura que se tornou há milhares de anos, domine-o. No entanto, quando Dotan se vê diante de uma Roma guiada por energias maléficas, ele engendra sua força para tentar salvar o povo da perseguição e da tirania. O derramamento de sangue se torna um pesadelo constante. A cidade caminha, a passos rápidos, para um longo período de escuridão. Traições, jogos de poder e lutas épicas enredam essa engenhosa aventura que põe em conflito a busca pelo bem e o desejo, às vezes incontrolável, pelo poder e pela luxúria.” 

O Vampiro Imperador é um suspense fantástico ambientado na Roma do ano 65 d.C. O romance tem 400 páginas e combina a narrativa thriller que consagrou o autor com personagens fantásticos como vampiros e lobisomens. Seu público alvo é o adulto jovem, leitores que apreciam suspense, terror e romances históricos com muita ação. O texto é muito visual, e o leitor é capaz de conceber os acontecimentos como cenas de filmes e games do gênero. O cuidado com a trama é um diferencial do autor que se emprenha em surpreender os leitores mais exigentes. 

Leonardo Barros sempre gostou de livros e filmes de suspense e terror. Confessa que respeita quem gosta, mas que não simpatiza muito com a versão romântica que alguns escritores têm criado para vampiros e lobisomens. O Vampiro Imperador resgata o bebedor de sangue tradicional, amaldiçoado, ambicioso e sanguinário, mas acrescenta um elemento novo ao criar seu próprio universo fantástico. A primeira vampira de uma casta bebe o sangue do Diabo, representado na história pela figura de Plutão, o deus do Tártaro (uma espécie de inferno romano), e os lobisomens foram criados por Deus, com o intuito de destruir os bebedores de sangue.  

O autor descreve seu processo criativo como uma combinação de planejamento, inspiração e disciplina. “Não conseguiria escrever de outra forma: aproveito os momentos de grande inspiração e me tranco para criar os resumos do livro e de seus personagens. Nos dias seguintes, estudo o que escrevi e acrescento novos detalhes, mudo um cenário, uma característica de um personagem ou acrescento um novo final. O resto do processo se resume à disciplina. Sentar, escrever, revisar, editar... 

Leonardo é escritor contratado do Grupo Novo Século e lança o novo título pelo selo principal da editora. É autor de livros de suspense como o celebrado Presságio – O assassinato da Freira Nua (um sucesso da crítica na blogosfera) e O Maníaco do Circo (que recorrentemente figura entre os e-books mais vendidos do gênero na Amazon).

Corra lá e compre seu livro de Leonardo Barros!

domingo, 2 de agosto de 2015

Crônica - La solitudine

Estava na fila do banco. As mãos abarrotadas de contas a ser pagas; a bolsa seguramente presa nos braços; a mente vagueando em algum universo paralelo, longínquo daquela realidade monótona.
     Tirando-a dos devaneios, aparece um antigo conhecido: "Ola! Como vai?", pergunta à ela.
      Começou a pensar na solidão que vinha sentindo. Convivia com muitos, sorria, conversava, mas nunca se completava. Pensou no quanto sentia falta de abraços amigos, de rir até passar mal, ver aquele filme gostoso... Recordou-se das noites frias em que um cobertor não servia para esquentar seu coração, principalmente daquela em que o peso do mundo a estava sufocando tanto que sucumbiu a ideia do suicídio; odiava seus pais por tê-la salvo.
     Contudo, em momento algum ponderou sobre o que faria a seguir. Ninguém precisava saber; Para quê incomodar inocentes com seus dramas? Não se preocupariam de qualquer forma.
     Encobriu tudo com maestria, digna de um oscar. Apertou os olhos e abriu a boca em um sorriso largo: "Bem", respondeu.
Jéssica Stewart

Resenha - O pântano das Borboletas (Federico Axat)

“Quando chegamos ao pântano das borboletas, descobrimos o que eu havia previsto: ele estava completamente inundado por causa das chuvas recentes. Poucas vezes o tínhamos visto naquele estado. Apenas umas poucas ilhas afloravam , como lombos de hipopótamos meio submersos; a cascata brotava da crista do penhasco em todo o seu esplendor. As samambaias, muitas das quais davam a impressão de flutuar, brilhavam com um verde que chegava a parecer artificial. E, é claro, lá estavam as borboletas, dezenas delas, esvoaçando em torno dos raios de sol que se filtravam de alto a baixo. Eu nunca tinha visto tantas. A maioria delas eram monarcas, mas também havia outras espécies. Ficamos ali sem poder acreditar em nossos olhos.”

O jovem escritor argentino Federico Axat consegue, em poucas páginas, transportar-nos diretamente para a infância; uma mescla de nostalgia e bucolismo que faz com que sintamos as aflições do florescer da idade junto a Sam Jackson, o protagonista e narrador da história, e seu dueto emocionante de amigos, Miranda Matheson e Billy Pompeo.


Um trio carismático, certamente.
Em uma efusão de sentimentos pela qual nos aventuramos na história, Axat aos poucos revela os mistérios que rondam Carnival Falls e todo um contexto da morte da mãe de Sam; um acidente misterioso e mal resolvido. Assim, Sam tem de conviver com a perda da mãe ainda pequeno e a saudade carregada nas recordações, principalmente em uma correntinha que guarda com afinco desde os tempos do acidente.
A trama é bela e tênue quando trata das relações sociais, principalmente na questão da mudança brusca de infância para adolescência, que o trio de protagonistas vivencia ao longo do livro. Axat traz ao mesmo tempo a dúvida e a incerteza da fase da puberdade mesclada suavemente com a aventura e a curiosidade da infância; não deixando de ressaltar os sentimentos que permeiam a vida neste período.
Assim, Sam, Billy e Miranda tornam-se personagens admirados pelos leitores. Cada qual com sua característica mais marcante foi construído pensando em nosso coração leitor. Tomamos apego por alguns. Ódio por outros. Emocionamo-nos à flor da pele.
Claro que o suspense fica para o final. O mistério sobre a morte da mãe de Sam é desvendado, bem como sua relação com uma série de eventos que permeiam a vida das crianças. No meio disto, encontram tempo para se aproximar mais, nutrir aos vários pontos durante o decorrer da história que, juntos, compõem toda essa solução e, antes de tudo, faz com que o leitor termine o livro tão perplexo com uma revelação bombástica ao final que se torna indecisa a reação: Não sei se senti ódio ou contemplação. Apenas agradeço ao autor pela bela obra. 


Dados da obra (Skoob)

ISBN-13: 9788584190140
ISBN-10: 8584190147
Ano: 2014 / Páginas: 416
Idioma: português
Editora: Tordesilhas

Nota:4,5/5
                                                                               resenha por André Luiz