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sábado, 31 de dezembro de 2016

Feliz 2017!



Que ano passamos, hein!? Foram muitas conquistas e derrotas, felicidades e tristezas, altos e baixos, euforias e melancolias, um ano de dualidades, certamente. Todavia, foi um ano de aprendizado, de valorização do trabalho literário e de enriquecimento. Por mais que não estivemos presentes em todas as horas, nossos versos e frases ecoaram pelo mundo e puderam chegar nos corações necessitados de uma palavra feliz e acolhedora. Se este objetivo tiver sido alcançado, estamos felizes e satisfeitos. E mais: se tivermos tocado a alma de nossos leitores, bagunçado o subconsciente, incomodado e esclarecido, feito repensar velhos conceitos; se tivermos de alguma forma alterado o tédio da vida cotidiana, estamos realizados.


Que em 2017 tenhamos isso e tudo mais. A cada dia que se passa, pensamos mais em vocês, nossos leitores, em como vocês são especiais e nos fazem querer seguir em frente. Um novo ciclo se inicia, junto a ele uma gama infinita de possibilidades, de descobertas a serem feitas, de sensações a serem experimentadas e de emoções a serem vividas. Neste novo ano que se inicia, que todos nós possamos viver a vida intensamente, degustando cada momento como se fosse o último. Que 2017 traga todos os nossos sonhos que porventura evaporaram no curso da vida e reavive nossas esperanças, e a cada dia possamos desfrutar mais do que a vida nos traz de bom. Feliz 2017!


domingo, 13 de novembro de 2016

Crônica - Esqueça, eu não vou voltar.



Você achou mesmo que estava certo, não é? Achou que após todas as palavras de ódio proferidas, todas as lágrimas derramadas, todas as chagas que você causou, eu voltaria para você em dois ou três dias?
Achou mesmo que podia sair dizendo a todos os seus colegas que eu tinha perdido a cabeça por jogar aquela porcelana importada na parede, quando na verdade eu queria é ter acertado seu lindo rostinho? Achou mesmo que colocar minhas amizades contra mim fosse me impedir de ir embora? Esqueceu de dizer a eles que eu levava somente algumas peças de roupa e os hematomas do relacionamento doentio que tivemos.
"Agressão física? Deus me livre!" - costumava a dizer. Colocava-me contra a parede quando eu "fazia algo errado", insultava-me com nomes xulos, sentia prazer em exaltar meus defeitos físicos, o meu peso... " burra", "idiota", " sonsa"... Sim, você está livre das acusações de agressão física, mas minha autoestima foi pro saco, minha percepção de mundo foi alterada, meu emocional é um lixo.
Você sempre deixou bem claro que eu precisava de você, que eu não sei viver sozinha, que eu não vou encontrar alguém que seja tão bom para mim quanto você é. Mas deixa eu te contar uma coisa: desde que eu parti, aprendi a ser dona de mim, a respirar sozinha; não preciso de alguém para "cuidar" de mim, ou melhor, para me controlar -que é o que você fazia-. Só preciso de mim mesma, e essa independência tem sido uma das melhores experiências da minha vida.
Louca, depressiva, neurótica, emotiva. Você me tornou assim. Ainda acha que eu quero voltar?
Já se passou um ano, e eu ainda estou me desintoxicando de você. Não, eu não pretendo voltar, mas se você insiste em esperar o meu retorno, sugiro que faça isso sentado; dizem que ficar em pé por tempo demais causa varizes.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Poema - Círculo Vicioso


Espero que não se importe, Mas eu andei procurando a sorte Em vez de me prender a você.
Imagino que esteja cansado, Eu sei, sou um fardo, Que você não quis carregar.
Você tem um amor ralo E eu sou profunda demais para esse seu jeito amargo.
Mas, no final, você estava certo - como sempre.
Se eu não me quero, Por que você me quereria? Se eu não me gosto, Por que de mim você gostaria?
AiAi.
O triste é que eu fui procurar a sorte E acabei voltando pra você.
-Ding-dong. - Fuja enquanto puder.
("Lídia Duarte")

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Poema - Mal Contemporâneo


O tempo não passa.
Pernas balançando. Beiço mordido. Unhas roídas. Pele vermelha. Suor excessivo. Dor no pescoço. Dor de cabeça. Dor no estômago - vômito. Cabelos caindo. Mãos inquietas. Pensamentos rápidos, flashs. Sangue correndo. Batimentos cardíacos acelerados. Pupilas dilatadas. Excesso de sono, É impossível dormir. Vontade de chorar.
Ansiedade sufoca.
("Lídia Duarte")

domingo, 6 de novembro de 2016

Poema - Adiós


Não te quero de volta, Não tente me dar outra resposta, Nada justifica os erros que cometeu Não quero mais os seus conselhos, Tampouco o seu amor doentio (Será que era amor?) Não quero mais ser sua escrava E, mesmo que você me chame de ingrata, Não vou olhar para trás. Pois meu passado você roubou, Meu presente, influenciou, Mas meu futuro me pertence. E se um dia me procurar, Seja só para saber como estou, Eu juro, "meu amor", Não é mais da sua conta.

("Lídia Duarte")

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Crônica - Olhos fechados, mente aberta


Fechar os olhos, abrir a alma, expandir a mente...
É se permitir a ter uma consciência da realidade a partir do conhecimento de mundo formado pelas experiências vividas, seja pessoalmente, seja por meio de canais comunicativos... Sim, é possível viver um livro, um filme, uma conversa; histórias são capazes de tocar o íntimo do pensamento humano de inúmeras formas - e, de tão intrínseco no cotidiano, mal dá-se conta desse fenômeno.
Os olhos estão fechados, em contrapartida há um mergulho em meio a conhecimentos diversos, reais e ilusórios - fruto das emoções, que pregam peças quase sempre, por exemplo -, instrumentos que, em conjunto, formam opinião e moldam o indivíduo. E é uma coisa tão única, tão pessoal, que é impossível achar duas pessoas que compartilham um mesmo conhecimento de mundo, uma vez que as experiências atingem de forma distinta cada indivíduo; uma pessoa que gosta das histórias do Nicholas Sparks (ou do José de Alencar, ou da Glória Perez, para ser um pouco nacionalista) provavelmente tem uma visão diferente do amor, se comparado a alguém que leu os textos de Schopenhauer, assim como dois que possuem conhecimento das obras desse filósofo não abstraem de forma igual (e tampouco integralmente) a tese defendida por ele.
É como se todo o saber acumulado previamente filtrasse as informações recebidas, e as julgadas de caráter agregador formam novos fios que se entrelaçam aos antigos. Entretanto, com o tempo, os poros da peneira tornam-se menores, impedindo a absorção de novos conhecimentos, e como o bombardeamento de informações é constante, manter-se estático, convicto em relação às opiniões pessoais, não é lá uma coisa muito boa; é necessário despir-se um pouco de ideias consolidadas, refletir sobre tudo (Seria a dúvida cartesiana mentalmente saudável?), adequar-se às mudanças de pensamento do meio, posicionando-se contrário ou favorável e usando argumentos bem fundamentados, cortar, remendar, mudar a peneira, sair da zona de conforto - tudo isso com bom senso, encontrando a mediania entre ser estático e ser inconstante.
Assim, de olhos fechados, mergulhar em um mar de informações e construir novos conceitos, opiniões, valores, que posteriormente poderão ser alterados; basta apenas não permanecer na superfície e com os olhos abertos.

("Lídia Duarte")

domingo, 30 de outubro de 2016

Poema - Try

Por mais que eu tente, levantar é uma dor.
Por mais que eu tente, viver dói.
Por mais que eu tente, machuco quem não devo.
Por mais que eu tente, lágrimas escorrem.
Por mais que eu tente, meu coração sofre.

Por mais que tudo me atente, feliz não desisto de tentar ser.




("Caio Mendes")

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sinopse #AVadia - Gislaine Oliveira

Olá, leitores! Tudo bem? Semana passada anunciamos aqui no blog o lançamento do livro "A vadia", da autora Gislaine Oliveira, e essa semana eu volto para anunciar que saiu a sinopse do livro. Leiam e se preparem para mais uma novidade ainda essa semana que a autora preparou para todos nós:





      "Esta não é uma história de amor comum, destas que você está acostumado a ler. Existe a menina boazinha? Sim! O menino bonzinho? Sim! A menina invejosa que quer separar os dois? Claro! Então o que é que esse livro tem de tão especial? Você já vai descobrir. 

   Esta história não será contada por um narrador desconhecido, nem pelo casal apaixonado. Contrariando todas as expectativas dos românticos de plantão, quem contará a história será ela: A Vadia. 

     Apresentações não serão necessárias. Você já conhece A Vadia. A garota alta, loira, peituda e fútil. Ela é a rival, a arqui-inimiga da garota tímida e do bem por quem o cara se apaixona. A piranha que dá em cima do mocinho e que também abandona um namorado só porque ele é pobre.

     Você já conhece esta trama. Mas deve saber que toda história tem dois lados. Você já conhece um. Agora vai conhecer o outro!"






terça-feira, 4 de outubro de 2016

Divulgação e parceria - Autora Gislaine Oliveira



Olá, caros leitores! Tudo bem? Há tempos não postamos no blog, mas nossa volta será com uma belíssima parceria firmada entre o Minúsculas Manivelas e a autora Gislaine Oliveira. Interessante, não? Confiram abaixo todos os detalhes e uma surpresa ao final do post:


Gislaine Oliveira é uma gaúcha nascida em outubro de 1993. Essa garota viu na literatura uma forma de salvar o mundo. Não apenas dos dragões ou das bruxas malvadas, mas também de todos os estereótipos e preconceitos presentes na sociedade. Desde que ela descobriu isso, vem lutando para proteger o mundo através das palavras. 

Gislaine é autora de livros infanto-juvenis e de romances young-adult como Os sonhos de Rita e Excesso de amor, e está bastante presente nas redes sociais mostrando seu apego pelo público jovem. Sua obra ímpar faz com que o leitor viaje pelo romance e a vida a dois, refletindo nossa própria realidade com delicadeza e leveza. Você pode conhecer mais sobre o trabalho dela em seu blog pessoal, clicando no link a seguir: Profissão Escritor; pelo Wattpad: https://www.wattpad.com/user/Gisa93Oliveira. Gislaine também está presente no YouTube, no canal Gislaine Oliveira, e na Amazon. Clique no link a seguir para acessar os livros da autora na loja Kindle: Livros de Gislaine Oliveira na Amazon.

Este mês, é o aniversário de Gislaine, mas somos nós, leitores, que ganhamos o presente. A partir do dia 04/11/2016 estará disponível em pré-venda, na Amazon, "A vadia", o novo livro de Gislaine. por enquanto, o que temos é a curiosa capa da obra, e já estou ansioso para poder ler mais sobre a trama, que, adiantando, é um young-adult leve, mas que vem tratar de assuntos importantíssimos.

Enquanto mais informações não chegam, nos deleitamos com essa belezura de capa.

sábado, 10 de setembro de 2016

MINICONTO- Peter Pan

        Lucas era como Peter Pan. Gostava de brincar com as crianças, enturmar-se com elas. Parecia não querer crescer. Até que um dia todos os seus amiguinhos desapareceram: Seus pais haviam descoberto sobre a terra do nunca, e sol nunca mais nasceu redondo para o pequeno Pan.





terça-feira, 6 de setembro de 2016

MINICONTO - Bruxa

    Não que Aurora quisesse ter nascido bruxa. Contudo, o destino a fizera assim, feia e com uma bela de uma expressão de terror na face. Por dentro, era uma donzela em busca de um príncipe, por fora condenada pela beleza a viver isolada numa cabana de palha forrada de musgos. Mas um dia aquilo havia de mudar. Nem que precisasse fazer brotar de seu caldeirão fervente uma nova Aurora forrada de loiro e de pele branca como a neve.
    Mas isso já era outra história...


sexta-feira, 2 de setembro de 2016

MINICONTO - Pintor

      Em tons de cinza escrevia sua história, tal qual um filme de cinema-mudo passando pelo projetor. Num relance, na tela de sua vida, uma mancha vermelha apareceu. A mancha sujou todo o resto do papel. A ele, não teve salvação; mas sua arte perduraria para sempre, em milhões de gotículas bordô espalhadas pela pintura.




domingo, 28 de agosto de 2016

MINICONTO - Índios

O português trouxe o espelho, uma galinha e roupas aos índios. Maravilhados, liberaram tudo, por livre e espontânea pressão. Não poderiam saber que fim aquilo ia ter.


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

MINICONTO - Postiços

     Despiu-se como sempre fazia, de corpo e alma. Fechou as cortinas e acendeu o abajur. Tirou o vestido de seda, os sapatos de salto e os apliques no cabelo. Abriu mão dos brincos perolados, do colar de ouro e da aliança de diamantes. Arrancou os cílios falsos. Pegou um algodão e molhou-o de demaquilante. Aos poucos, a tênue linha negra gravada em suas pálpebras se desmanchava conforme passava o algodão no local. Da boca, retirou o batom. Das bochechas, a base que escondia as manchas de espinhas e os corretivos que mascaravam as primeiras rugas de seu rosto. Retirou as unhas esmaltadas e bem-feitas. O sutiã de bojo e a calcinha delicada. 
     Olhou-se no espelho. Tudo nela era postiço. Até mesmo a felicidade que lhe fora entregue.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

MINICONTO - Geleira

     Klebio sentia que derrapava às vezes. O gelo era escorregadio, e a fina camada de serração que caía na superfície não ajudava. Por fora, o bloco de gelo era somente mais uma fortaleza impenetrável, áspera e escorregadia. Cheia de perigos e segredos. Por dentro, um mundaréu de novidades e um oceano infinito esperando-o. Desde o início ele sabia que não seria fácil passear na geleira que era o coração de Marisa. 
     Mas ele decidiu encarar a aventura. 


sábado, 20 de agosto de 2016

MINICONTO - Plástico

     O barulho dos dedos arranhando o plástico fizeram-na soltar um grito de repulsa. Eram aquelas pequenas repulsas cotidianas que mais a amedrontavam. O que ela chamava gastura outros chamavam tortura. Principalmente os donos do cativeiro, que sorriam ao som do giz arranhando o quadro negro. 


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

MINICONTO - Velas

     Acabou acendendo as velas com o calor do cigarro. Não que quisesse fazer isso, mas não teve outra escolha senão as mãos congelariam de frio. Abraçou a luz e o calor confortante que vinha da vela e sentiu-se perto de sua mãe outra vez. Observou o ambiente ao seu redor, obscuro e imerso na penumbra, iluminado apenas pela fraca luz das velas espalhadas pelo chão. 
     Era a quinta vez nesta noite que o apagão tomava conta da casa. Pegou o cigarro e levantou-se da cadeira, batendo as mãos uma contra a outra e soprando-as com o bafo quente. A atmosfera tornara-se fria e macabra. Tateou o bolso em busca do celular, tentando contatar alguém conhecido que poderia estar nas redondezas. Encontrou apenas três moedas e um chiclete na metade.
     Não havia janelas no lugar, e o cheiro era de borracha queimada. Um esgar de nojo subiu por sua garganta e chegou a sua boca com gosto de bile. Nas sombras, não conseguia mensurar as dimensões da sala em que estava. 
     Aos poucos, a pupila dilatou-se tal qual um precipício, profundo e inesgotável de escuridão, e as formas ao seu redor tomaram vida. Eram centenas de milhares de pequenas criaturas, atreladas umas às outras, com os corpos redondos e roliços movendo-se lentamente como uma pluma no espelho de água. Pareciam carregadas por alguma espécie de correnteza, canalizando os movimentos para a região central do cômodo, onde o homem olhava a tudo, aterrorizado. 
     Subitamente, enxergou uma cômoda bem ao seu alcance. O brilho de seus olhos se alterou quando a pistola em cima da mesa. 
     A escuridão acabaria ali mesmo.


terça-feira, 16 de agosto de 2016

MINICONTO - Bilhete

      Abriu o papel enrolado achando que encontraria ervas ou o pó branco, a cocaína de sempre. Pensou em voltar e esbofetear o traficante quando descobriu que naquele dia não iria fumar seu baseado. Sua cabeça rodopiou quando viu que o papel embrulhado era um bilhete. Em letras tortas e em uma escrita grossa e voraz, as letras pareciam querer saltar do papel tal qual o desespero de quem as escrevera. Era um recado que desejava sair como um grito. 
      O drogado coçou os olhos enquanto as letras tomavam forma em sua mente. O raciocínio era lento e as palavras demoraram muito para surgir. O que não demorou foi a boca aberta perante o assombro. Há tempos pensava que estava sozinho no mundo.
     No papel, lágrimas secas borraram algumas letras, mas ainda podia-se ler o recado.
     "Mamãe ainda te ama. Nunca se esqueça disso".


domingo, 14 de agosto de 2016

MINICONTO - Subúrbio

     A Lua estava apina, na meia-noite da vida. As ruas do bairro estavam desertas, à exceção dos fantasmas e bêbados, que vagueavam em busca do caminho de casa. Algumas esquinas ocultavam assaltantes, debaixo das sombras das marquises e dos buracos nos muros dos terrenos baldios. Noutras, a luz do poste por vezes capturava o vulto de um gato perseguindo um rato, ou até mesmo um grupo de jovens inconsequentes andando apressado e fumando maços de maconha enrolados em papel de pão. Avioezinhos motorizados fazendo delivery de drogas; delinquientes e suas pistolas automáticas; um senhor de aparência obscura de chapéu negro na cabeça.
      As ruas e vielas formavam um labirinto indecifrável repleto de monstros e tentações.
     Luana observava os subúrbios de sua mente. Uma realidade execrável, que insistia em perdurar em seus pensamentos. 


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

MINICONTO - Sementes

     Ferdinand nunca foi de exaltar os ânimos. Mas aquele martini e os problemas da vida cotidiana o fizeram romper com sua normalidade. Era uma sexta-feira fria de agosto, num pub qualquer da capital; ele fumava um cigarro de olhos vidrados na azeitona que acompanhava a bebida. Era um mal-hábito fumar, contudo, ele sentia que o calor da fumaça entrando em seus pulmões e aquecendo-o por dentro de alguma forma o confortava.
      Infelizmente, aquele pequeno rolo de papel fora batizado com algumas ervas a mais. Ferdinand nunca saberia os porquês nem os poréns, e embarcou nas ondas que a droga trouxera. Era tudo um delírio. A garçonete de repente tornou-se uma gigantesca lagosta vermelha e dotada de uma boca sedutora. Os relógios não paravam de girar, bem como sua mente e o mundo a seu redor. Era como se ele tivesse dado um mergulho bem profundo numa piscina de arco-íris. 
     E não conseguisse sair mais de debaixo da água. 
     Lentamente, levantou-se e tropeçou num gorila que passava ao seu lado. O animal urrou e voou em cima dele, abraçando-o com força e voracidade. O homem nunca foi de exaltar os ânimos, porém não teve outra escolha. Era lutar ou morrer. E ele estava mesmo afim de voltar para casa. 

     As árvores cresciam ao redor de sua casa. Ferdinand estava vivo, de algum jeito. Mesmo apenas servisse como adubo para sementes de girassol. 


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MINICONTO - Agitação

     A noite caía pesada sob os ombros do garoto, serena friagem que banhava seu corpo. Seus cabelos molhados balançavam ao passo que seu coração disparava mais e mais à proporção do aumento de sua velocidade. Ele não sabia do que estava correndo, apenas que a agitação era incontrolável. Urros, berros e grasnidos, seguindos de estampidos que chegavam a seus tímpanos. Sentiu então um toque aveludado nos ombros e uma onda de horror percorrer a espinha. Por um segundo, seu coração pareceu congelar. Seus olhos paralisaram-se de medo quando seu olhar se fixou no olhar de um homem sem rosto.


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

MINICONTO - Pavão

     Lentamente, as penas do pavão foram se abrindo, revelando um esquema de cores ímpar e uma geometria natural que nenhum outro animal teve coragem de copiar. Quando Deus criou os animais, certamente estava inspirado ao desenhar o rabo do pavão. O pássaro andava em passos curtos de um lado para o outro, agitando suas penas e criando uma armadilha visual de cores e brilhos que fisgava a fêmea pouco-a-pouco. Branca como leite, de penugens alvas e um rabo pouco volumoso, de tons acinzentados, estava estonteada pela beleza arrebatadora do macho.
       - Belíssimo! Bravo! - A senhora tirou os óculos escuros e apontou para o suntuoso animal que se agitava em sua frente. 
         Abateram-no ali mesmo, depois, fizeram da cauda do pavão um belíssimo enfeite para a sala principal da mansão da madame, para que todos que olhassem para aquele conjunto de cores e brilhos se lembrassem de como a natureza é perfeita.


sábado, 6 de agosto de 2016

MINICONTO - Vencedor

     Sob a neblina das montanhas do Vale do Valdocaso, Sor Americo Worth estava rodeado de corpos espalhados pelo campo de batalha. Os aliados, os inimigos, todos estirados no chão, de olhos vazios e corações inertes. O alasão branco que Americo montara agonizava com a barriga rasgada ao meio e as tripas escorrendo por seu corpanzil. Americo levantou os olhos lentamente, ainda sentindo o calor da batalha espalhado por seu corpo e seu manto de metal. O suor escorria-lhe pela testa e um filete de sangue de seu nariz. 
     Respirou fundo e puxou o cabo da espada. Levantou-se com dificuldade. Tivera de trair todo o seu reino, seu próprio rei jazia morto aos seus pés. O corpo do monarca tombou para o lado quando a lâmina saiu completamente; o metal era bordô em toda a extensão. Era o sangue do rei em suas mãos, em seu corpo, sua alma. Era o último homem do campo de batalha. Era o vencedor.
       Agora tinha todo um reino pela frente. 


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

MINICONTO - Violino

Alisou o violino Stradivarius como e fosse o filho recém nascido. Sentiu o cheiro da madeira fresca e as ranhuras imperfeitas que a natureza trazia ao instrumento, feito artesanalmente e com muito esmero. Abraçou-o com afeto, deslizou os dedos pelas cordas ásperas de metal e vibrava junto às notas que tirava do violino. Repousou-o sobre os ombros e abriu o livro de partituras, buscou, na última folha uma lírica de nome Vita mia. Ligou o holofote e entrou no brilho da luz. "Hão de lembrar-se de mim". Pensou, antes de tocar sua última nota, seca e gélida. Um clarão invadiu seus olhos. Abriu os braços como um anjo e ascendeu aos céus, deixando uma poça bordô em seus pés. O violino que produzira com tanto esmero tornara-se um monte de ferro e madeira retorcidos.


terça-feira, 2 de agosto de 2016

MINICONTO - Aperitivo

Parou e olhou para sua presa, na esperança de que ela emitisse um ruído qualquer. Observou suas pupilas dilatadas, vazias como um precipício profundo e obscuro dentro de seus olhos. O brilho de sua pele e o calor de seu corpo lentamente se desvaneceram, bem como o sabor de seus lábios rosados que invadia sua boca. Ele sabia que não pararia por ali. Ela era apenas o aperitivo. 


quinta-feira, 28 de julho de 2016

Poema - Soneto imperfeito II



É difícil de ver, sim, o que esconde
no íntimo dessa abstrusa alma aflita.
Afora as paixões que sempre evita,
o seu coração nunca responde.

Quem o fez dessa forma tão oprimido?
Viver sem amar é o pior castigo...
Dê-me sua mão, caminhe, então, comigo.
Que no passado fique o que te deixou ferido.

Se com desprezo julga as minhas ações,
e quiçá pouco entende as minhas razões,
saiba que mais sofrida é a minha história.

Achar um amor é algo raro,
e não posso te dar um motivo mais claro.
Prometa ao menos guardar-me em memória.

("Lídia Duarte")

terça-feira, 26 de julho de 2016

POEMA - Tempus fugit


Tempo, tempo, tempo tempo...
come os dias, sonhos da insônia;

Tempo, tempo, tempo tempo..
devora a vida, as células, a alma;

Tempo, tempo, tempo, tempo...
se esvai rapidamente; não tem como recuperar;

Tempo, tempo, tempo tempo...

O tempo não deixa espaço para erros.
O tempo não deixa superar os medos.

Tempo, tempo, tempo, tempo...
esconder-se na escuridão ou arriscar-se no mundo?

Tempo, tempo, tempo, tempo...
sou escrava; és escravo.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

E o tempo passa;
E a vida passa;
E as oportunidades passam;
E o desejo passa;

Tempo, tempo, tempo, tempo...

No final seremos apenas pó.
E o pó não guarda lembranças;
E o pó não vive.
O pó é somente o pó,
enquanto o tempo sempre será o tempo.


-("Lídia Duarte")

domingo, 24 de julho de 2016

Reflexão - Jamais mudaria o passado


    Às vezes me pergunto o que diria a mim mesma se pudesse me encontrar no passado. Pensei em dar algumas respostas que encontrei com o tempo, mas isso me privaria das buscas que enriqueceram meu conhecimento. Pensei em mostrar os caminhos mais fáceis para alcançar meus objetivos, mas isso me impediria de passar pelos desafios que me amadureceram e a sensação de vitória não seria a mesma. Pensei em dizer os momentos mais importantes, mas a espera por eles me deixaria ansiosa e a chance de me frustrar seria alta. Por fim, decidi. Se pudesse encontrar comigo mesma, daria-me um abraço apertado e reconfortante, afagaria meus cabelos, e antes de partir diria: "vá menina, vá brincar. Não se preocupe em crescer, isso ocorre naturalmente. Vá menina, e seja dona de sua própria vida".


("Lídia Duarte")

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Nosce te ipsum



Ei moça.
Já se olhou no espelho hoje?
Reparou que você é linda à sua maneira?
Você não precisa daquela intervenção que tanto pensa em fazer.
Seu corpo é perfeito, justamente por pertencer a você.
Entendeu o que eu disse? Você é perfeita.
Ei moça,
Abre logo um sorriso.
Quero ver seus dentes a mostra.
Quero ver sua alma exposta.
Quero ver o mundo inteiro se iluminar por você.
Seu sorriso é tão encantador...
Deveria se permitir a admirá-lo mais vezes.
Ei moça,
Para de se culpar por tudo.
Você não é responsável pelas dores do mundo.
É ele que não está preparado para a grandiosidade da sua existência.
Você sofre demais e esquece que não vale a pena.
O mundo vai continuar sendo imaturo demais,
enquanto você cresce, floresce, amadurece.
Semeie-se pelos caminhos que for passar e
Não tenha medo de viver intensamente,
Afinal, a vida pertence somente a você e a mais ninguém!
Recicle os julgamentos
E use somente aqueles que vão te enobrecer;
De degradante já basta o tempo que te roubam.
Ei moça,
Não dá para carregar tudo sozinha...
Aprenda com os erros e siga em frente!
Desapegue-se do que te faz mal.
Você não é feita para guardar tanta mágoa...
Seu fim último é ser você, viver para você, sonhar para você.
Ei moça,
Há tanto sonhos dentro de você.
Não perca tempo e realize os que puder.
Traga paz ao seu coração
Encha sua alma com energias positivas
Liberte-se!
Ei moça,
Ame-se antes de tudo.
Porque o amor mais verdadeiro que vai receber se encontra dentro de você
E saiba que a única coisa que te completa é você mesma.
Paixões vêm e vão, mas você fica; tem alma de guerreira.
Caia, mas sempre lembre-se de levantar e como fazê-lo.
Inunde-se de si!
Ei moça,
Já se olhou no espelho hoje?


- Lídia Duarte

terça-feira, 19 de julho de 2016

E uma nova fase se inicia...

     Por três anos, assinei todos os textos que escrevia com um pseudônimo. Tinha medo dos julgamentos, dos risos, das más interpretações, das críticas... Com o tempo, Jéssica Stewart deixou de ser apenas um nome e se tornou um heterônimo; tornou-se uma outra parte de mim, mais séria, mais introspectiva, mais preocupada com os problemas da sociedade, militante das lutas das minorias. Foi uma experiência única sobre autoconhecimento que me permitiu amadurecer com senso crítico a respeito de questões sociais e pessoais. 
     Mudei muito nesse tempo e continuo mudando; se foi para melhor ou não, é uma autoavaliação; cabe somente a mim. Serei eternamente grata a ela por isso, mas sinto que é hora de sair da zona de conforto que me foi proporcionada. Quero sofrer as consequências de ter meu nome assinando os meus textos, sejam elas boas ou não. Quero assumir a responsabilidade por meus textos e quero dar voz a eles. Agradeço a todos que me apoiaram nessa mudança. Meus textos antigos continuarão assinados do jeito que estão porque não quero desfazer de parte da minha trajetória.
      Jéss, essa não é uma despedida, é só um até logo. Muito obrigada por ter me ensinado a me valorizar e não ter medo de ser quem eu sou. Agora eu preciso aprender a caminhar sozinha.

("Lídia Duarte")




terça-feira, 12 de julho de 2016

Crônica - Felicidade programada


    Seria ela feliz? Mesmo após todos os erros que levaram-na percorrer sonhos imperfeitos, alheios, distantes dos quais havia sempre sonhado para si quando ainda era menina e mal sofrera as dores do mundo que a transformaram nessa mulher de hoje.
     Seria ela feliz? Mesmo depois dos encontros e desencontros que ocorreram sem que ela tivesse controle. Mesmo depois de todos os rancores, que um dia tratavam-se  de amores -será?; tantas palavras que suprimiu, tantos sentimentos que reprimiu, tantos gestos arrependidos, tantas despedidas mal ditas – malditas despedidas. E a memória do que foi só não é pior do que as lembranças dos planos que poderiam ter acontecido.
     Seria ela feliz? Mesmo ao sorrir para esconder o choro depois de receber um daqueles golpes da vida que acertam bem na boca do estômago e deixam uma dor latente que nem sempre deixam de existir. Ah... Seu coração pulsava sôfrego pois.
    Seria ela capaz de conseguir decidir sozinha um caminho melhor para a própria vida do que aqueles tantos outros que começaram a ser traçados bem antes que ela nascesse.
Seria ela feliz? Aguardemos os próximos capítulos.
                                                      

(" Lídia Duarte")

domingo, 26 de junho de 2016

Conto - Tempo Perdido



Uma flor amarela de umas seis pétalas crescia no meu jardim. Um espaço pequeno, quintalzinho quadrado de grama verdinha e com umas cercas brancas em volta: nada de especial. Ficava ao lado de uma rua nada movimentada, muito quieta, num cenário cinzento, desprovido de vida. Ela era a pincelada atípica de um tom vivo que faltava na minha cidade morta.

Ela fitava a rua vazia, como se esperando por algo: como eu. As vezes ficava triste, cabisbaixa, murcha: como eu. Mas de manhã sempre se levantava junto com o sol e lá dispendia horas a fitar o horizonte (como eu), talvez viesse o que tanto esperava. Eu torcia por ela, e sei que ela torcia por mim. Mas, como sempre se repetia, o ocaso se descortinava e nada novo vinha sob o céu.
Tínhamos aquela esperança que se esmaecia dentro de nós. Sempre lá, contando segundos, esperando que a luz se demorasse mais um pouco no céu, porque talvez algo se revelasse. Eu deitava ao lado dela, colocava a mão no rosto e suspirava. E depois de um tempo em que o mesmo cenário se repetia quadro a quadro, tudo ficou meio automático. Eu mal a olhava, mal me prendia a apreciar sua presença, só ensaiava a peça dolorosa dos nossos dias monótonos a fitar a selva de pedra da paisagem, esperando ver o menor sinal daquilo que tanto queríamos.
A vontade nos tornou egoístas, eu acho. Mal olhávamos pro lado, sempre centrados no futuro. O presente se tornou, aos poucos, uma mobilha indesejável nos recônditos dos nossos seres. Apenas queria o ver passar logo, e mal me toquei que quanto mais o futuro chegava mais presente ele se tornava. E, logo, eu também o indesejava. Tudo se resumia à fantasia de um tempo inexistente que eu fantasiava, algo destituído de ser, algo que não era palpável e nem estava esperando a hora de chegar em canto algum.
Num dia como todos os outros a flor me presenteou com a ausência. Nada se via além de matéria orgânica decomposta no meio da grama. Talvez sua esperança se desvanecera toda, e o sentimento bizarro de seu vácuo simplesmente a matou, pensei. E então eu me toquei. Ela sempre estivera ali. Ela era o presente insólito e singelo que me trazia conforto, e estava sempre garantida no futuro... até aquele dia.
Demorei pra me tocar que o futuro não existe, ele é só o presente que ainda não aconteceu, ele só é ele quando acontece, e mesmo quando o faz... não é o futuro. Eu vivi em função de sua espera, e no meio daquele ciclo vicioso um ponto final cruzou as minhas sentenças sem fim.
Me perdi numa projeção de tempo, e só me toquei que ele existia bem ao meu lado quando ele se tornou passado. Morri um pouco aquele dia, e fui obrigado a viver, sem a companhia da flor, o horrendo presente.


("Douglas Moreira")

quinta-feira, 9 de junho de 2016

RESENHA - O clube dos anjos(Luis Fernando Veríssimo)

Um retrato do dia-a-dia de um grupo de cavalheiros viciados em comida. Entre eles, um assassino sem série: A Gula.


“Parecíamos um grupo de invasores de outra espécie que ainda não percebera que seu disfarce não funcionava, que o rabo ainda estava à mostra. Imagino que era isso que a mulher de André dizia, depois de descobrir que não éramos os sofisticados que ela pensava. Não é gente da nossa espécie, André. Deixa esse clube de malucos. Em vinte e um anos, tínhamos nos transformado em pessoas esquisitas.”


É o primeiro livro de Luis Fernando Veríssimo que leio, e confesso que já fiquei um pouco fã deste escritor tão icônico e irônico, de palavras simples e estrutura muito atraente ao leitor. “O clube dos anjos”, um livro que foi me cativando aos poucos, pedaço por pedaço, é daqueles que você acaba por pegar(emprestado na biblioteca, como foi o meu caso), esperando uma leitura casual e rápida, até porque na edição que eu encontrei o enredo se resume em 142 páginas.


Contudo, Veríssimo afunda o leitor na história de tal forma que, com certo sarcasmo, acabamos nos rendendo e lendo com mais voracidade ainda.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Crônica - Conformadamente inconformada


      Caminhava dando passos apressados, como se tivesse horário marcado. Não reparava nos outros transeuntes com medo de achar algum conhecido e ter que parar para cumprimentá-lo.
     "Oi", "tudo bem?", "e a família?", "o tempo está bom", "o tempo está ruim"... sempre aquelas mesmas conversas vazias, sem conteúdo, totalmente desnecessárias. Estava farta de sorrir o tempo todo, de ser educada o tempo todo. Que lhe fosse permitido um dia ruim, sem que lhe chegassem urubus procurando se saciar com as más notícias de sua vida. Queria ser ela, sozinha no mundo... quem dera... mas dizem que a  solidão sufoca a alma, mata os desejos, a vontade de viver. Afinal, para que serve a felicidade se não pode ser compartilhada?
     Ok, assumo que ela queria alguém; contudo, este não podia cercear seu espírito libertino, tampouco ser um desconhecido tão perdido quanto ela. Alguém para amar, zelar, proteger... mas não tinha tempo. Corria de tudo e de todos quando podia.
     Essa pobre moça, inconformada com o meio em que estava inserida, lutava o quanto podia para isolar-se da sociedade. Andava apressada, não porque tinha pressa. Ela só tinha medo de viver, de se permitir a fazer escolhas ousadas que talvez pudessem retirá-la do caminho traçado ainda na maternidade. Era uma áurea pulsante, ávida pela liberdade presa em um corpo que limitava os seus anseios.
     Estava cansada da vida que tinha, mas não se esforçada para mudá-la.

("Jéssica Stewart")

sábado, 4 de junho de 2016

Lançamento Darkside - O menino que desenhava monstros - JUN/2016

        Olha a Darkside arrasando novamente! Desta vez com esta maravilha da edição que ficou o livro "O menino que desenhava monstros", de Keith Donohue. O release e as informações técnicas estão logo abaixo.

Todos já desenharam monstros na infância,

mas poucos conseguiram dar vida a eles.

Keith Donohue escreve histórias realmente assustadoras. Não aquelas com sangue por todos os lados ou sustos premeditados para fazer o leitor pular da cama. O horror está nas sutilezas que são capazes de fazer a pele formigar e nos dar a certeza de que estamos diariamente interagindo com o sobrenatural.

Jack Peter é um garoto de 10 anos com síndrome de Asperger que quase se afogou no mar três anos antes. Desde então, ele só sai de casa para ir ao médico. Jack está convencido de que há de monstros embaixo de sua cama e à espreita em cada canto. Certo dia, acaba agredindo a mãe sem querer, ao achar que ela era um dos monstros que habitavam seus sonhos. Ela, por sua vez, sente cada vez mais medo do filho e tenta buscar ajuda, mas o marido acha que é só uma fase e que isso tudo vai passar.

Não demora muito até que o pai de Jack também comece a ver coisas estranhas. Uma aparição que surge onde quer que ele olhe. Sua esposa passa a ouvir sons que vêm do oceano e parecem forçar a entrada de sua casa. Enquanto as pessoas ao redor de Jack são assombradas pelo que acham que estão vendo, os monstros que Jack desenha em seu caderno começam a se tornar reais e podem estar relacionados a grandes tragédias que ocorreram na região. Padres são chamados, histórias são contadas, janelas batem. E os monstros parecem se aproximar cada vez mais.

Na superfície, O Menino que Desenhava Monstros é uma história sobre pais fazendo o melhor para criar um filho com certo grau de autismo, mas é também uma história sobre fantasmas, monstros, mistérios e um passado ainda mais assustador. O romance de Keith Donohue é um thriller psicológico que mistura fantasia e realidade para surpreender o leitor do início ao fim ao evocar o clima das histórias de terror japonesas.

Um livro para fazer você fechar as cortinas e conferir se não há nada embaixo da cama antes de dormir. O Menino que Desenhava Monstros receberá o tratamento monstruoso já conhecido pelos leitores da DarkSide® em 2016. A história também ganhará uma adaptação para os cinemas, dirigida por ninguém menos que James Wan, o diretor de Jogos Mortais e Invocação do Mal

Ficha Técnica
Título | O Menino que Desenhava Monstros
Autor | Keith Donohue
Tradutor | Cláudia Guimarães
Editora | DarkSide®
Edição | 1ª
Idioma | Português
Especificações | 260 páginas (estimadas), Limited Edition (capa dura)
Dimensões | 16 x 23 cm


darksidebooks.com | 
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A pré-venda já está disponível no link a seguir: Pré-Venda O menino que desenhava monstros

quinta-feira, 2 de junho de 2016

RESENHA - Onze(Mark Watson)

O meu exemplar, publicado no Brasil
pela Rai Editora
Um livro tímido até na capa, mas uma história arrebatadora e de palpitar o coração. Onze, de Mark Watson, (até então passando despercebido em minha estante), deu-me uma boa lição de como não julgar um livro pelo seu título.


Xavier e Murray são dois apresentadores de um show da madrugada londrino que acalenta os sonâmbulos ingleses em suas noites em claro. Aparentemente próximos um do outro, descobrem-se verdadeiros conselheiros nos mais diversos aspectos, desde ouvintes com problemas amorosos até alguns à beira de um colapso nervoso, dispostos a dar um ponto final à suas vidas.


É um trabalho difícil, pelo peso que o show acabou ganhando em sua audiência fiel, e a responsabilidade que caiu nas costas de Xavier por vezes o deixa em dúvida quanto à sua real importância na vida de todas as pessoas que ligam para ele, rostos que ele nunca viu, vozes por vezes inéditas, em outras, regulares e desesperadas. Há, de certo modo, uma forma de afetar a vida do próximo, indiretamente, através de seus atos cotidianos? Estamos todos conectados por uma imensa teia de acontecimentos?

terça-feira, 31 de maio de 2016

CONTO - Dollhouse

As visitas foram chegando aos poucos. A fillha mais velha, que  não conversava com o pai, sentou-se ao lado dele como fizera todos os anos nesta data. Apoiou os cotovelos na mesa, cruzou as mãos afim de apoiar a sua cabeça e se dispôs apenas a observar os acontecimentos que antecediam a ceia de natal. A mãe havia decorado a casa com uma dedicação inegável: havia pisca-piscas coloridos em torno das janelas, guirlandas floridas nas portas, um pinheiro verdadeiro no canto da sala de jantar enfeitado com bolas vermelhas brilhantes e uma estrela na ponta. Na mesa, os pratos de porcelana - que são usados somente em ocasiões especiais - estavam servidos; havia um candelabro antigo com velas vermelhas que lançavam um aroma adocicado à medida que eram queimadas.
A campainha tocou. Viu a avó, cuja aparência era nova demais para a idade, chegar com uma broa de fubá com erva-doce, receita adorada por todos os familiares. Trajava um vestido longo e preto; percebia, por meio do semblante ranzinza dela, que não a agradava estar ali. Abriu um sorriso amarelo quando seus olhos se encontraram, como quando se cumprimenta um ente pouco querido. Viu a sua irmã pegar a fôrma com toda a má vontade do mundo, sem dizer nada, e saiu em direção a cozinha com passos fortes e semblante sisudo. A avó e as netas não se davam muito bem desde sempre.
E novamente a campainha soava. Viu a tia chegar com o marido e os dois filhos, que logo saíram correndo ao redor da mesa brincando de pique-pega. O marido, o único formado em uma faculdade dentre todos os familiares e agregados - via-se como o único detentor do conhecimento -, se sentou ao outro lado dela com postura ereta e peito estufado, como se um diploma no currículo o tornasse superior. Indagou-a sobre os estudos, já sabendo que ela resolveu largar o curso de medicina em uma universidade federal. Começou a tagarelar sobre a juventude que não quer nada da vida, nos pais que não têm pulso firme na escolha do futuro dos filhos e no quanto ela era sofreria no futuro por ter abandonado a faculdade. Contudo, apenas obteve como resposta um olhar indiferente que o fez se calar.
A tia, um poço de educação, desatou a falar sobre todos os defeitos que via na sala de jantar: o tapete que não combinava com o clima natalino, o peru que parecia lhe mal assado, o vinho que carecia ser de uma vinícula mais sofisticada e de colheita noturna... Deu lhe na cabeça até mesmo de criticar a árvore de natal, que para ela tinha que ser em tons dourados, a nova-velha tendência fútil de remeter ao luxo em simples detalhes.
O pai despejava suas ácidas palavras  em meio ao seu discurso machista e alienado. Esbravejava, gesticulava, e hurrava palavras em tons ofensivos em uma simples discussão sobre a conjuntura política atual, travada entre ele e o marido da tia. A garota sabia que não podia opinar."Política não é coisa de mulher", diziam. Por fim, até mesmo o sábio marido da tia começou a derivar o nome da presidente com sufixos e prefixos pejorativos, em um claro discurso ignorante. Assim deu-se um fim da discussão; vermelhos de raiva, concordaram que a crise tinha culpa somente da presidenta comunista e de seu partido corrupto.
A irmã tentava conter os primos inútilmente. Corriam por todos os lados, por vezes gritavam, se debatiam, se batiam... Essas coisas que as crianças endiabradas costumam fazer. Agitavam a casa e deixavam-na de ponta-cabeças; estavam animados com a chegada do Papai Noel. 
Lenvantou-se e foi até a cozinha. A mãe, escutando todas as críticas que a tia fazia, acabou deixando a sobremesas que fizera de lado; corria contra o tempo para fazer um pudim e um cheese cake de frutas vermelhas, uma receita americana para tornar a ceia mais pomposa. A avó servia para dar mais pitaco: falta sal, esta muito doce, joga fora! Deixava a cozinha uma zona de tanto futricar o que estava dentro das gavetas, por cima de todas as pratileiras. E a mãe, em silêncio, só ouvia e agia obediente. A tia não podia ajudar, porque havia feito as unhas especialmente para o evento. Logo, coube a ela tentar ajudar um pouco a mãe que se via cada vez mais atabalhoada.
Pouco antes do relógio soar meia-noite, conseguiram deixar tudo em ordem. As panelas fumegantes exalavam o cheiro saboroso de "comida feita em casa". O tio arrumou o tripé da câmera em cima de uma estante e acionou o timer. 10, 9... todos se reuniram na sala de estar em um abraço caloroso 6,5... a irmã segurava os primos que só queriam sair correndo  2,1. Sorriram. Eram uma família feliz. 

("Jéssica Stewart")

terça-feira, 24 de maio de 2016

Os condenados - Lançamento Darkside - 30/Jun - 2016

Mais uma vez a maravilhosa Darkside nos encanta com essas maravilhas da edição e com bastante conteúdo do gênero terror e suspense, os carros chefes da editora. Desta vez, é "Os condenados", do aclamado Andrew Pyper, autor de "O demonologista". Confira:






Danny Orchard conseguiu enganar a morte e ganhou uma segunda chance para viver. Só que ele não voltou do inferno sozinho. Em Os Condenados, Andrew Pyper, autor do fenômeno O Demonologista, explora as conexões de amor e ódio entre irmãos gêmeos, numa história sobrenatural digna de pesadelos.

 Danny passou por uma experiência de quase-morte em um incêndio há mais de vinte anos. Sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve a mesma sorte. Danny conseguiu transformar sua tragédia pessoal em um livro que se tornaria um grande best-seller. Ainda que isso não signifique que ele tenha conseguido superar a morte da irmã. Claro, ela nunca mais o deixaria em paz.

Mesmo depois de morta, Ash continua sendo uma garota vingativa e egoísta, como sempre. Mas agora que seu irmão finalmente tenta levar uma vida normal, ela se torna cada vez mais possessiva. Danny parece condenado à solidão. Qualquer chance de felicidade é destruída pelo fantasma de seu passado, e se aproximar de outras pessoas significa colocá-las em risco.

Os Condenados é o segundo lançamento de Andrew Pyper pela DarkSide® Books. O autor, presente em diversas listas de mais vendidos em todo o mundo, foi consagrado por uma nova geração de leitores brasileiros, que fizeram O Demonologista ser uma das melhores surpresas em 2015. E agora Pyper promete incendiar novamente o mercado com este asfixiante thriller psicológico. Os direitos para o cinema de Os Condenados foram adquiridos pela Legendary Pictures, responsável por 300, pela Trilogia do Batman de Christopher Nolan e pelos projetos mais recente de Guilhermo Del Toro. Respire fundo. Em 2016, estamos todos condenados ao melhor do terror e da fantasia.


Ficha Técnica

Título | Os Condenados
Autor | Andrew Pyper
Tradutor | Cláudia Guimarães
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
Idioma | Português
Especificações | 336 páginas
Dimensões | 14 x 21 cm
ISBN | 978-85-9454-003-4



Essa edição ficou muito fantástica, não? Olhem esta lombada com a aparência desgastada, como se o livro tivesse sido carregado para lá e para cá por séculos e séculos de trevas... 




Corram no link da Pré-Venda Os Condenados e adquiram já o seu. Quem sabe a Darkside não manda um exemplar para o blog e não podemos resenhar essa delícia?! #FicaADica


Tem também booktrailer, confiram:




quinta-feira, 19 de maio de 2016

RESENHA - A cidade do Sol(Khaled Hosseini)

Duas garotas tentam sobreviver em uma cidade assolada pela guerra. Mas seu maior perigo não é as bombas que caem do céu, é a sociedade que as empurra para debaixo dos braços do marido.


Mariam é uma garota do interior, uma harami, uma filha bastarda de um homem rico da cidade de Herat, no Afeganistão. Em meio ao deserto e à miséria, a menina sonha com uma vida melhor; o mundo lá fora é uma maravilha aos olhos de Mariam jo. Contudo, a pobreza é um obstáculo a seus sonhos, algo que somente seu pai pode resolver.

Certo dia, quando ela completaria 15 anos, em 1974, enquanto ela conversava com o pai, decidiu que queria ir com ele assistir a um filme estrangeiro no cinema de Herat.  Porém, o que parecia ser o melhor dia de sua vida é a porta de entrada para uma nova e deprimente vida bem longe de seu local de origem.