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terça-feira, 31 de maio de 2016

CONTO - Dollhouse

As visitas foram chegando aos poucos. A fillha mais velha, que  não conversava com o pai, sentou-se ao lado dele como fizera todos os anos nesta data. Apoiou os cotovelos na mesa, cruzou as mãos afim de apoiar a sua cabeça e se dispôs apenas a observar os acontecimentos que antecediam a ceia de natal. A mãe havia decorado a casa com uma dedicação inegável: havia pisca-piscas coloridos em torno das janelas, guirlandas floridas nas portas, um pinheiro verdadeiro no canto da sala de jantar enfeitado com bolas vermelhas brilhantes e uma estrela na ponta. Na mesa, os pratos de porcelana - que são usados somente em ocasiões especiais - estavam servidos; havia um candelabro antigo com velas vermelhas que lançavam um aroma adocicado à medida que eram queimadas.
A campainha tocou. Viu a avó, cuja aparência era nova demais para a idade, chegar com uma broa de fubá com erva-doce, receita adorada por todos os familiares. Trajava um vestido longo e preto; percebia, por meio do semblante ranzinza dela, que não a agradava estar ali. Abriu um sorriso amarelo quando seus olhos se encontraram, como quando se cumprimenta um ente pouco querido. Viu a sua irmã pegar a fôrma com toda a má vontade do mundo, sem dizer nada, e saiu em direção a cozinha com passos fortes e semblante sisudo. A avó e as netas não se davam muito bem desde sempre.
E novamente a campainha soava. Viu a tia chegar com o marido e os dois filhos, que logo saíram correndo ao redor da mesa brincando de pique-pega. O marido, o único formado em uma faculdade dentre todos os familiares e agregados - via-se como o único detentor do conhecimento -, se sentou ao outro lado dela com postura ereta e peito estufado, como se um diploma no currículo o tornasse superior. Indagou-a sobre os estudos, já sabendo que ela resolveu largar o curso de medicina em uma universidade federal. Começou a tagarelar sobre a juventude que não quer nada da vida, nos pais que não têm pulso firme na escolha do futuro dos filhos e no quanto ela era sofreria no futuro por ter abandonado a faculdade. Contudo, apenas obteve como resposta um olhar indiferente que o fez se calar.
A tia, um poço de educação, desatou a falar sobre todos os defeitos que via na sala de jantar: o tapete que não combinava com o clima natalino, o peru que parecia lhe mal assado, o vinho que carecia ser de uma vinícula mais sofisticada e de colheita noturna... Deu lhe na cabeça até mesmo de criticar a árvore de natal, que para ela tinha que ser em tons dourados, a nova-velha tendência fútil de remeter ao luxo em simples detalhes.
O pai despejava suas ácidas palavras  em meio ao seu discurso machista e alienado. Esbravejava, gesticulava, e hurrava palavras em tons ofensivos em uma simples discussão sobre a conjuntura política atual, travada entre ele e o marido da tia. A garota sabia que não podia opinar."Política não é coisa de mulher", diziam. Por fim, até mesmo o sábio marido da tia começou a derivar o nome da presidente com sufixos e prefixos pejorativos, em um claro discurso ignorante. Assim deu-se um fim da discussão; vermelhos de raiva, concordaram que a crise tinha culpa somente da presidenta comunista e de seu partido corrupto.
A irmã tentava conter os primos inútilmente. Corriam por todos os lados, por vezes gritavam, se debatiam, se batiam... Essas coisas que as crianças endiabradas costumam fazer. Agitavam a casa e deixavam-na de ponta-cabeças; estavam animados com a chegada do Papai Noel. 
Lenvantou-se e foi até a cozinha. A mãe, escutando todas as críticas que a tia fazia, acabou deixando a sobremesas que fizera de lado; corria contra o tempo para fazer um pudim e um cheese cake de frutas vermelhas, uma receita americana para tornar a ceia mais pomposa. A avó servia para dar mais pitaco: falta sal, esta muito doce, joga fora! Deixava a cozinha uma zona de tanto futricar o que estava dentro das gavetas, por cima de todas as pratileiras. E a mãe, em silêncio, só ouvia e agia obediente. A tia não podia ajudar, porque havia feito as unhas especialmente para o evento. Logo, coube a ela tentar ajudar um pouco a mãe que se via cada vez mais atabalhoada.
Pouco antes do relógio soar meia-noite, conseguiram deixar tudo em ordem. As panelas fumegantes exalavam o cheiro saboroso de "comida feita em casa". O tio arrumou o tripé da câmera em cima de uma estante e acionou o timer. 10, 9... todos se reuniram na sala de estar em um abraço caloroso 6,5... a irmã segurava os primos que só queriam sair correndo  2,1. Sorriram. Eram uma família feliz. 

("Jéssica Stewart")

terça-feira, 24 de maio de 2016

Os condenados - Lançamento Darkside - 30/Jun - 2016

Mais uma vez a maravilhosa Darkside nos encanta com essas maravilhas da edição e com bastante conteúdo do gênero terror e suspense, os carros chefes da editora. Desta vez, é "Os condenados", do aclamado Andrew Pyper, autor de "O demonologista". Confira:






Danny Orchard conseguiu enganar a morte e ganhou uma segunda chance para viver. Só que ele não voltou do inferno sozinho. Em Os Condenados, Andrew Pyper, autor do fenômeno O Demonologista, explora as conexões de amor e ódio entre irmãos gêmeos, numa história sobrenatural digna de pesadelos.

 Danny passou por uma experiência de quase-morte em um incêndio há mais de vinte anos. Sua irmã gêmea, Ashleigh, não teve a mesma sorte. Danny conseguiu transformar sua tragédia pessoal em um livro que se tornaria um grande best-seller. Ainda que isso não signifique que ele tenha conseguido superar a morte da irmã. Claro, ela nunca mais o deixaria em paz.

Mesmo depois de morta, Ash continua sendo uma garota vingativa e egoísta, como sempre. Mas agora que seu irmão finalmente tenta levar uma vida normal, ela se torna cada vez mais possessiva. Danny parece condenado à solidão. Qualquer chance de felicidade é destruída pelo fantasma de seu passado, e se aproximar de outras pessoas significa colocá-las em risco.

Os Condenados é o segundo lançamento de Andrew Pyper pela DarkSide® Books. O autor, presente em diversas listas de mais vendidos em todo o mundo, foi consagrado por uma nova geração de leitores brasileiros, que fizeram O Demonologista ser uma das melhores surpresas em 2015. E agora Pyper promete incendiar novamente o mercado com este asfixiante thriller psicológico. Os direitos para o cinema de Os Condenados foram adquiridos pela Legendary Pictures, responsável por 300, pela Trilogia do Batman de Christopher Nolan e pelos projetos mais recente de Guilhermo Del Toro. Respire fundo. Em 2016, estamos todos condenados ao melhor do terror e da fantasia.


Ficha Técnica

Título | Os Condenados
Autor | Andrew Pyper
Tradutor | Cláudia Guimarães
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
Idioma | Português
Especificações | 336 páginas
Dimensões | 14 x 21 cm
ISBN | 978-85-9454-003-4



Essa edição ficou muito fantástica, não? Olhem esta lombada com a aparência desgastada, como se o livro tivesse sido carregado para lá e para cá por séculos e séculos de trevas... 




Corram no link da Pré-Venda Os Condenados e adquiram já o seu. Quem sabe a Darkside não manda um exemplar para o blog e não podemos resenhar essa delícia?! #FicaADica


Tem também booktrailer, confiram:




quinta-feira, 19 de maio de 2016

RESENHA - A cidade do Sol(Khaled Hosseini)

Duas garotas tentam sobreviver em uma cidade assolada pela guerra. Mas seu maior perigo não é as bombas que caem do céu, é a sociedade que as empurra para debaixo dos braços do marido.


Mariam é uma garota do interior, uma harami, uma filha bastarda de um homem rico da cidade de Herat, no Afeganistão. Em meio ao deserto e à miséria, a menina sonha com uma vida melhor; o mundo lá fora é uma maravilha aos olhos de Mariam jo. Contudo, a pobreza é um obstáculo a seus sonhos, algo que somente seu pai pode resolver.

Certo dia, quando ela completaria 15 anos, em 1974, enquanto ela conversava com o pai, decidiu que queria ir com ele assistir a um filme estrangeiro no cinema de Herat.  Porém, o que parecia ser o melhor dia de sua vida é a porta de entrada para uma nova e deprimente vida bem longe de seu local de origem.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Lançamentos Darkside de Junho - 2016

A editora Darkside books, especializada na literatura de terror, sombria e que está presente nos nossos mais sórdidos pesadelos, apresenta seus lançamentos para o mês de Junho de 2016. Confiram:

O ÚLTIMO ADEUS, por Cynthia Hand

Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio.” – Tyler  

A autora de fantasia que está encantando leitores com a força de sua escrita lança seu primeiro romance contemporâneo – uma trama comovente e impactante situada nos dias de hoje. Depois de sucessos internacionais como a saga Sobrenatural, Cynthia Hand demonstra todo o seu talento numa história sobre perda, culpa e superação.

O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz.

O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante.

O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.

Cynthia Hand faz sua homenagem àqueles que se foram muito cedo e oferece um diálogo reconfortante a quem já esteve no lugar de sua protagonista. Os pensamentos e os segredos de Lex e Tyler serão revelados aos leitores brasileiros em 2016, em um livro que fará parte da Coleção DarkLove – linha que lança autoras femininas com muita história para contar.

Cynthia Hand divide seu tempo entre o sul da Califórnia, onde vive com o marido e o filho, e o sudeste de Idaho, perto das Montanhas Teton. Escritora best-seller do New York Times, Hand dá aulas de escrita criativa na Universidade de Pepperdine. Na mesma linha de Os 13 Porquês (Jay Asher) e Se eu Ficar (Gayle Forman), O Último Adeus é o seu primeiro romance contemporâneo.




Ficha Técnica
Título | O Último Adeus
Autor | Cynthia Hand
Tradutor | Carolina Coelho
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
Idioma | Português
Especificações | 368 páginas (estimadas), Limited Edition (capa dura)
Dimensões | 14 x 21 cm









A Darkside também nos mandou material de divulgação para um novo lançamento, e o livro chama-se "Em algum lugar nas estrelas", de Clare Vanderpool. Aguardamos ansiosamente o mês de junho para conferir essas belezuras que só a Darkside pode trazer para nós!



EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, por Clare Vanderpool



Livros são ótimos companheiros de viagem. Alguns conseguem ir além e se transformam em companhias para a vida inteira. Como os amigos que fazemos na juventude que, aconteça o que acontecer, vão estar para sempre do nosso lado.



É o caso de EM ALGUM LUGAR NAS ESTRELAS, da autora norte-americana Clare Vanderpool. Um romance intenso sobre a difícil arte de crescer em um mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença.


Pelo menos é desse jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker. A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King e boa parte de seus personagens). O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden.



Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor.



Obsessivo, Early Auden tem regras específicas sobre que músicas deve ouvir em cada dia da semana: Louis Armstrong às segundas; Sinatra às quartas; Glenn Miller às sextas; Mozart aos domingos e Billie Holiday sempre que estiver chovendo. Seu comportamento é um dos muitos indícios da síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo que só seria descoberta muito tempo depois da Segunda Guerra, e que inspirou personagens já clássicos como o Sr. Spock (Star Trek), o Dr. House e Sheldon Cooper (The Big Bang Theory).



Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam paracasa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

Ficha Técnica
Título | Em Algum Lugar nas Estrelas
Autor | Clare Vanderpool
Tradutor | Débora Isidoro
Editora | DarkSide®
Edição | 1a
Idioma | Português
ISBN | 978-85-66636-83-3
Especificações | 272 páginas (estimadas), Limited Edition (capa dura)
Dimensões | 14 x 21 cm




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quinta-feira, 12 de maio de 2016

RESENHA - Depois da escuridão(Sidney Sheldon & Tilly Bagshawe)

Até onde uma mulher seria capaz de ir para provar sua inocência e a de seu marido? Seria capaz de modificar sua própria alma para alcançar a redenção? Grace Brookstein foi.


Um dos maiores golpes financeiros acontece no mercado de ações estadunidense, na agitada Nova York de 2009, ainda sofrendo duramente com a crise de 2008. O mais prestigiado fundo monetário da América, o Quorum, encontra-se em crise depois de descoberto um rombo bilionário em suas contas, e a culpa acaba recaindo sobre Lenny Brookstein, o mandatário do fundo de hedge mais famoso e respeitado de Wall Street.


Praticamente todos aqueles que tinham alguma ligação com o Quorum viram as caras a Lenny quando ele mais precisava, quando era sua cabeça que estava em jogo. Até mesmo seu próprio amigo John Merrivale, em quem Lenny mais confiava dentro da empresa. Não obstante, diante da crise financeira que assolava todos os Estados Unidos desde o ano de 2008, Lenny passou de adorado a odiado da noite para o dia, por pelo menos todos os investidores que acreditaram no sucesso do Quorum e que agora viam seu dinheiro simplesmente desaparecer daquela instituição financeira.

domingo, 8 de maio de 2016

Poema - Pronome oblíquo

Consigo sorria.
Consigo sonhava.
Consigo titubeava.
Consigo entristecia.
Inundava-se de si.

Será que consigo fazê-la olhar para mim,
(nem que seja por um fulgaz instante),
para que eu também transborde
todo o amor próprio que há em si?



- Jéssica Stewart

quinta-feira, 5 de maio de 2016

RESENHA - O caminho para Woodbury(Robert Kirkman e Jay Bonansinga)

O caminho para a redenção e a estrada para o inferno. Tudo isso no mesmo lugar: Woodbury.


Lilly Caul é uma jovem que se viu dentro de um apocalipse zumbi. Os mortos andam pela terra e tudo o que ela tenta é encontrar alguém que a ajude a sobreviver neste mundo caótico. Contudo, suas tentativas sempre parecem ser frustradas pelo destino.


Um grupo de uma centena de pessoas se aglomera em um vale rodeado por árvores frutífera e erigem uma pequena sociedade das tendas ao redor de um enorme picadeiro velho, onde guardam suprimentos e planejam o futuro da humanidade. Lilly é abençoada com a promessa de uma vida nova e segura rodeada de pessoas, e não de mortos-vivos, mas sabe que não será fácil assim.

domingo, 1 de maio de 2016

Poema - A estrela

Tola Macabéa, você é tola!
Achou mesmo que a vida te reservou algo de bom?
Você não é nada senão fruto da miséria.
E tentou tanto fugir...
mas não deu certo, sabe o porquê?
Ela vive em você, Macabéa!
É miséria de fome, de atenção, de felicidade, de amor.
Mesmo que um dia canse de viver com tão pouco,
jamais poderá mudar sua sina.
Tira esse batom vermelho da boca!
Isso não muda a sua palidez,
sua apatia, tampouco o mal cheiro que carrega.
Mas não se preocupe! Mesmo com banho não sai.
É o cheiro fétido da sociedade que te pariu.
Pobre Macabéa...
achou mesmo que alguém ia te amar?
Nunca se olhou no espelho?
Você não é atraente, você sequer parece gente.
Nem seu namorado te quis!
Te tratava como lixo, odiava a sua preença.
E encontrou na sua melhor amiga
tudo o que você jamais ia oferecer.
Para de tentar, Macabéa,
Para de perguntar.
Você pede demais ao mundo
as coisas que ele não pode te dar.
Você é um caso perdido, não vale a pena o esforço.
E você sempre sonhou em ser estrela,
sempre sonhou em ser alguém...
Desista.
Aceite e siga o conselho de quem se preocupa.
Eu sei bem disso, querida,
porque sou Macabéa como você.

- Jéssica Stewart