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quinta-feira, 30 de março de 2017

Resenha - O menino que desenhava monstros(Keith Donohue)


"Não conseguia tirar da cabeça o homem da estrada. O sr. Keenan havia freado de repente, e o carro os jogara para frente, forçando-os contra o cinto de segurança . Nick fingira não ver, mas havia visto tudo. Desenrolando-se como uma folha, o homem se levantara do chão, meio encurvado, em expectativa. À pálida luz da Lua, sua pele branca reluzia, e ele se movia com a hesitação e o alarme súbito de um animal selvagem. Uma corça pega de surpresa, agora aqui e depois desaparecida na noite."


"O menino que desenhava monstros" é uma história perturbadora, que incomoda pela apreensão de que algo pior sempre está por vir.

Jack Peter é um garoto incomum, que sofre de Síndrome de Aspeger, um transtorno de personalidade que faz com que seus dias dentro de casa, sozinho e alheio ao mundo lá fora, tornem-se uma viagem em um universo particular. J.P. tem seus meios singulares de conceber o mundo, e talvez por isso é tão incompreendido pela sociedade que o rodeia. E o único escape para seus problemas parece ser os desenhos de monstros que ele gosta tanto de fazer.

Holly e Tim, seus pais, encorajam-no a prosseguir com a arte visual que ele desenvolveu, sem no entanto se preocuparem muito com o conteúdo dos desenhos. Lentamente, seus monstros que inicialmente eram criaturas fantásticas pop como Frankenstein e o Conde Drácula evoluem para criações autorais horripilantes, como uma pitoresca criatura raquítica e alva, com uma negra barba coberta de neve.

Nos interlúdios de um grande desfecho, conhecemos mais sobre a história dos personagens esta história que parece um grande conto de terror psicológico. Os dramas pessoais de Holly e o passado traumático de sua relação com Tim e os amigos mais próximos da família, Fred e Nell Weller são apresentados ao leitor em doses homeopáticas, completando a apreensão que o autor cria.

Aliás, Keith Donohue possui uma maneira muito singular de contar histórias. É curioso como a tensão recorrente se confunde com o próprio tom narrativo adotado. O clima frio e nevado do Maine, o local onde tudo se passa, somente contribui com o clima desolador da mente de Jack Peter. Para alguns leitores, as cenas descritivas podem parecer longas e arrastadas, mas para mim foram essenciais para o desfecho inusitado que o livro acabou tendo.

Terminei a leitura com o coração acelerado, incrédulo com o que eu acabara de ler. Até agora estou pensando na obra-prima criada em "O menino que desenhava monstros", ao mesmo tempo uma forma de terror inquietante e uma história de amor incondicional. Impossível não se sensibilizar com Jack Peter e sua história, com as paisagens que o autor nos mostra, com as cenas bizarras e a amizade incondicional de Jack. Certamente um dos melhores livros que já li.



DADOS DA OBRA(SKOOB)


ISBN-13: 9788594540010
ISBN-10: 8594540019
Ano: 2016 / Páginas: 256
Idioma: português 
Editora: DarkSide Books

Autor:Keith Donohue(Foto)

quinta-feira, 16 de março de 2017

RESENHA - Quem é você, Alasca? (John Green)

             
   Uma garota-enigma, indecifrável. Quem é você, Alasca?
                 O livro conta a jornada do jovem Miles Halter em busca da auto-aceitação e do seu Grande Talvez, mudando-se para uma nova escola, Culver Creek. Aos poucos o garoto descobre que a amizade é uma joia a ser lapidada, e seu colega de quarto, Chip Martin, o Coronel, é uma dessas amizades que surgem do nada. O Coronel é o responsável por introduzir Miles ao seu novo círculo social, dos nerds e CDFs de Culver Creek. 
                 É através de Chip que Miles, o Gordo, conhece Alasca Young, a garota que promove uma mudança em sua vida. Alasca é um enigma em forma de mulher, ora centrada e focada nos estudos, ora subversiva e contraditória. Miles acaba se dividindo entre os estudos e os momentos ao lado de Alasca, participando dos altos e baixos da garota e ajudando-a a superar os problemas. 
                  John Green divide os capítulos de tal forma que o leitor começa a leitura apreensivo pelo que está marcado por vir. "Cento e um dias antes...", "cinquenta dias antes...", "um dia antes...", e a tensão começa a ser criada desde o primeiro momento. Lentamente a história entre Miles e Alasca começa a se intensificar, e as pequenas subversões cotidianas de Alasca tomam conta da mente do Gordo. Ele conhece o fumo, o vinho e a Vodka, os pequenos trotes sofridos no início do semestre, os olhares tortos de Alasca e seu labirinto indecifrável. 
                   Alasca não é uma garota somente. É um enigma a ser entendido, uma peça-rara que entranha na mente de seus amigos e que repentinamente evapora como se fosse uma brisa passageira. Mas não, Alasca é um furacão, uma tempestade que incomoda e não se deixa ser esquecida. E Miles sabe muito bem disso. 
                   Ler "Quem é você, Alasca" faz refletir sobre o sentido da vida, os porquês da existência e da morte, dos sofrimentos cotidianos e traumas inesquecíveis. É um livro que brinca com os sentimentos do leitor, e emociona no final das contas. Certamente, Alasca é inesquecível!




DADOS DA OBRA(SKOOB)

ISBN-13: 9788578273422
ISBN-10: 8578273427
Ano: 2010 / Páginas: 240
Idioma: português
Editora: WMF Martins Fontes
Autor: John Green(Foto)


quinta-feira, 2 de março de 2017

RESENHA - Nano-Mortais: A tecnologia do inferno(Acácio Brites)

     
Scott McConnell é um jogador de futebol americano afastado dos campos por problemas médicos. Possui um garotinho de nome Steve que é sua razão de viver. Contudo, este amor de pai e filho está ameaçado por uma praga viral que começa a se espalhar pela cidade de Nova York. 
       Imagine uma tecnologia quase divina capaz de curar doenças incuráveis, preencher espaços enormes deixados por necroses, câncer e amputações. Uma tecnologia capaz de substituir células mortas e doentes, combater vírus, bactérias e tantos outros parasitas. Uma dádiva!
       Todavia, o que parecia ser o maior avanço médico da história, colocando nanorobôs para trabalhar em prol da saúde humana, acaba por se tornar a maior praga da história de nossa raça. Os doutores Juliarth Thompson e Nikolai Engerhoff afirmaram ter desenvolvido a cura das doenças humanas, mas na verdade desenvolveram a fórmula da destruição em massa. Em poucos dias, o que era para ter sido um exército de nanorobôs implantados na corrente sanguínea tornou-se um exército de mortos-vivos andantes prontos para o combate. Seres eletronicamente programados para exterminar os seres humanos da face da Terra. 
            No meio deste combate, Scott precisa salvar sua família, e superar os traumas do passado, enquanto se esforça para não morrer no meio do caminho. Só não poderia prever que os infectados tinham um líder, Kaly, que estava sedento por seu sangue...
             "Nano-mortais" é um livro que faz refletir sobre a existência humana e os limites da medicina no advento da era tecnológica. Por mais futurista que pareça ser, a tecnologia dos nanorobôs não é tão distante da nossa sociedade. A nanorrobótica já é uma área em ascensão, e notícias como "Pesquisadores criam nanorobôs que caçam e destroem células cancerígenas" estão cada dia mais presentes. O futuro é da robótica, meus caros. 
             A trama é densa, repleta de ação e reviravoltas, e exatamente por se passar em um curto período de tempo, o leitor não tem um minuto para respirar. Capítulo após capítulo, cena após cena, a luta pela sobrevivência de Scott parece mais viva e dramática, assim como a decadência da raça humana vai se tornando mais evidente. Poucas esperanças ainda restam, e mesmo que possam estar longe do alcance de Scott, ele não desiste. O Brasil será mesmo seguro como estão dizendo?
              A leitura é muito prazerosa, contudo senti falta de uma revisão mais precisa e minuciosa principalmente nos primeiros momentos da história. Algumas falhas de diagramação e revisão ortográfica passaram na revisão, o que dificultou a leitura nos primeiros momentos. No entanto, a edição por parte da Editora Coerência foi muito bem feita, com algumas páginas destacadas em preto que deixaram o livro muito mais bonito como um todo. 
                 "Nano-mortais" é um livro empolgante do início ao fim, e que deixa várias perguntas para uma segunda publicação, "Nano-mortais: O fim do mundo", que segundo o autor está em fase de escrita e logo estará à venda. Estou ainda mais ansioso para a continuação, e o fato de ela se passar em terra-brasiliensis é mais interessante ainda. 

"Chegando ao corredor, as luzes estavam muito fracas e havia sinais de guerra por todo o lado. Camas reviradas, extintores fincados nas paredes e marcas de sangue. Eu estava verdadeiramente dentro de um filme de terror, e agora tinha a certeza de que não estava sonhando, podia sentir com as pontas dos dedos o sangue da parede ainda úmido.
-Ah meu Deus! - Entrei em pânico ao me deparar com a realidade."



DADOS DA OBRA(SKOOB)



ISBN-13: 9788592572037
ISBN-10: 8592572037
Ano: 2016 / Páginas: 270
Idioma: português 
Editora: Editora Coerência
Autor: Acácio Brites(foto)