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Final feliz - Walter Crick



Laura então encontrou com a senhora na cozinha da casa dela. Algumas panelas estavam no fogão, fervendo e cozinhando algo. Na mão da velhinha que aparentava ter uns 70 anos de idade, haviam algumas batatas que ela descascava com habilidade. Do outro lado da cozinha, estavam empilhados alguns bocados de doces. Laura logo viu-os e fez a famosa pergunta à velhinha:
            -Gostosuras ou travessuras?
            A velhinha parecia estar viajando para bem longe.Alguns minutos depois, ela respondeu.
            -Há doces ali no outro canto da cozinha. Pegue-os, se quiser.
            Laura não hesitou.
            -Ninguém nunca veio aqui mesmo, e todos os anos separo muitos doces para o Haloween, contudo, nunca dei nenhum deles a nenhuma criança. Deve ser por que minha casa é um pouco sombria demais, mas quando não se tem muitas pessoas para ajudar a limpar e se é velhinha como eu sou, acaba que pouco se resolve. Minhas flores e plantas já morreram há tempos. Agora, o que me restou é cozinhar. Estou com tanta fome! E você, querida?
            Laura escutava a tudo atentamente e respondeu à velhinha com toda a educação:
            -Eu não estou com tanta fome assim. Na noite de Haloween costumo comer muitos doces, mas quase nunca como refeições neste dia. Adoro as guloseimas que ganho, e ao chegar a casa faço questão de dividi-las com minha família, e assim todos ficam satisfeitos.
            Ela riu, lembrando-se de sua mãe.
            A velhinha continuou:
            -Claro, querida, porém esta noite você é minha... Ah... Convidada para o jantar. Esta noite temos sopa.
            Laura nunca gostara muito de sopa, porém decidiu ficar, pois estava interessada nos doces.
            -Eu fico então.
            -Tome um pouco de suco, querida. Experimente essa bala, os dois são de morango.
            Enquanto Laura tomava o suco e comia a bala, que tinham um gosto pra lá de estranho, a velhinha continuava a descascar as batatas.
            Tempos depois, a garota sentiu-se tonta e resolveu se escorar em uma cadeira. Acabou adormecendo ali mesmo.
             A velhinha foi logo socorrer a menina, que havia caído sentada na cadeira. Poucos minutos se passaram até que Laura acordou, ainda um pouco desnorteada.
            -Querida, você está sonolenta, o que aconteceu?
            -Acho que dormi mal essa noite, mas já estou bem melhor.
            -Tome então mais um pouco do suco. Está bom?
            -Maravilhoso. Respondeu a menina com um sorriso no rosto.
            -São morangos que eu plantei aqui mesmo em casa. São os meus xodós.
            -Então me dá mais um pouco? Disse Laura.
            -Claro, querida.
            Nesse momento, ouviu-se uma batida na porta. A velhinha foi, vagarosamente, atender. Era a mãe de Laura, preocupadíssima com a filha.
            -Laura? Perguntou a mãe.
            -Oi mamãe. Entre, vamos tomar um suco de morangos. Disse a garota, da cozinha.
            A mãe de Laura foi logo entrando naquela casa assustadora em busca de sua filha, que estava sentada na mesa da cozinha bebendo um copo generoso de suco de morangos. Em sua frente, uma pilha de batatas descascadas e fatiadas.
            -Estou preparando uma sopa. Jante com a gente! Exclamou a velhinha, estendendo a mão para a mãe de Laura – Prazer, senhora Carter. E você?
            A mulher respondeu:
            -Joana Monroe, encantada. Aceito seu convite para a sopa.
            Então as três mulheres ficaram conversando durante toda a noite. Laura ganhou muitos doces caseiros que a senhora Carter preparara. Joana descobriu que a viúva que morava naquela casa não era nem de longe má, mas sim uma idosa que somente precisava de carinho. E aquele Haloween foi inesquecível para Laura e toda a sua família, que agora incluía mais uma pessoa. A adorável senhora Carter fora convidada para morar com Joana e Laura. Ela aceitou o convite, esperançosa.

("Walter Crick")

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