Laura
então encontrou com a senhora na cozinha da casa dela. Algumas panelas estavam
no fogão, fervendo e cozinhando algo. Na mão da velhinha que aparentava ter uns
70 anos de idade, haviam algumas batatas que ela descascava com habilidade. Do
outro lado da cozinha, estavam empilhados alguns bocados de doces. Laura logo
viu-os e fez a famosa pergunta à velhinha:
-Gostosuras ou travessuras?
A velhinha parecia estar viajando
para bem longe.Alguns minutos depois, ela respondeu.
-Há doces ali no outro canto da cozinha.
Pegue-os, se quiser.
Laura não hesitou.
-Ninguém nunca veio aqui mesmo, e
todos os anos separo muitos doces para o Haloween, contudo, nunca dei nenhum
deles a nenhuma criança. Deve ser por que minha casa é um pouco sombria demais,
mas quando não se tem muitas pessoas para ajudar a limpar e se é velhinha como
eu sou, acaba que pouco se resolve. Minhas flores e plantas já morreram há
tempos. Agora, o que me restou é cozinhar. Estou com tanta fome! E você,
querida?
Laura escutava a tudo atentamente e
respondeu à velhinha com toda a educação:
-Eu não estou com tanta fome assim.
Na noite de Haloween costumo comer muitos doces, mas quase nunca como refeições
neste dia. Adoro as guloseimas que ganho, e ao chegar a casa faço questão de
dividi-las com minha família, e assim todos ficam satisfeitos.
Ela riu, lembrando-se de sua mãe.
A velhinha continuou:
-Claro, querida, porém esta noite
você é minha... Ah... Convidada para o jantar. Esta noite temos sopa.
Laura nunca gostara muito de sopa,
porém decidiu ficar, pois estava interessada nos doces.
-Eu fico então.
-Tome um pouco de suco, querida.
Experimente essa bala, os dois são de morango.
Enquanto Laura tomava o suco e comia
a bala, que tinham um gosto pra lá de estranho, a velhinha continuava a descascar
as batatas.
Tempos depois, a garota sentiu-se
tonta e resolveu se escorar em uma cadeira. Acabou adormecendo ali mesmo.
Do lado de fora da casa, a mãe de
Laura estava preocupadíssima com a filha. Já faziam alguns bons minutos que ela
desaparecera de sua visão. Ela perguntou a um menino que chorava no canto o
porquê de ele estar tão triste.
-É que a minha amiga entrou naquela
casa – disse, apontando para a ultima casa da rua – e então a porta se fechou
atrás dela. Tenho medo do que pode acontecer com ela.
-E qual é o nome da sua amiguinha?
Perguntou a mãe de Laura.
-O nome dela é Laura.
A mãe dela se desesperou e ligou
imediatamente para a polícia.
Cerca de cinco minutos depois, a
velhinha ouviu uma batida na porta e foi atender. Ao abrí-la deu de cara com
dois policiais e mais um grupo de pessoas, dentre elas a mãe de Laura.
-Cadê a minha filha, sua bruxa
doida? Perguntou ela à senhora.
-Desculpas, senhora, mas é que essa
mulher afirma que você sequestrou a filha dela. Isso é verdade? Perguntou o
policial.
A velhinha parecia flutuar em seus
devaneios.
-Senhora, se você não responder
teremos que revistar sua casa.
-Fique à vontade. Respondeu a
velhinha.
-Com licença. Falou o policial, já
entrando na casa.
Na sala de estar, uma poça vermelha
parecia escorrer até uma fresta na parede. O tapete também estava manchado do
mesmo jeito.
Uma vela iluminava precariamente o
local. O policial seguiu a luz e foi parar na cozinha da casa. Havia no chão um
copo caído, com algo vermelho e pastoso escorrendo dele. Havia também uma
panela no fogão, de onde podia-se deduzir que fora usada a pouco.
O policial, de primeira, não
conseguiu encontrar a garotinha, então voltou para falar com a senhora.
-Senhora, sua casa é muito suspeita.
E temos testemunhas que a menina foi vista pela última vez entrando aqui. Onde
ela está?
-Olhe direito na cozinha. Respondeu
a mulher, soltando uma gargalhada.
Os policiais correram, e uma chuva
de gente seguiu-os. A velhinha ria abertamente sentada em uma cadeira na sala,
com certo sono.
Ao chegar na cozinha, foi a mãe de
Laura que desatou a chorar. Uma vizinha chamou os policiais para olharem a
panela que estava em cima do fogão.
-Ai meu Deus! Exclamou a vizinha.
Então todos ficaram chocados ao
achar uma coroa de princesa no fundo da panela.
("Walter Crick")
Nenhum comentário:
Postar um comentário